domingo, 11 de maio de 2014

Dia das Mães e um História linda de vida!

 

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Hoje, Dia das Mães (apesar do dia das mães ser todos os dias), venho aqui parabenizar cada mamãe guerreira, que doa seu tempo, seu amor,  seu carinho,  seu tempo de trabalho, suas noites de sono e tantas outras coisas para que seus pequenos docinhos estejam sempre bem e em segurança….

Somos todas vencedoras por conseguir manter nossos pequenos com uma boa qualidade de vida e sempre muito felizes!!!!

Aproveitando a data comemorativa trago para vocês hoje a história de uma Doce mamãe muito especial para mim…

Conheci Gisele num desses encontros de familias com diabetes aqui em nossa cidade e de cara nos afeiçoamos uma à outra…. Ela já era usuária de bomba e estava grávida do Pedro, e eu, do meu modo, acompanhei todo o processo de sua gravidez… Então tinha pedido a ela para relatar um pouco sobre essa fase:


“Estou aqui, mais uma vez, atendendo ao pedido da minha amiga Carol. Amiga que conheci nas idas e vindas doces dos nossas vidas. Carol me pediu para falar da minha experiência de gestante diabética.

Confesso que é um tema muito questionado a mim por amigos e outras mulheres diabéticas que , como eu, gostariam de gerar seu bebe. Pois bem, digo a vocês que este era um assunto que me preocupava muito. Sou enfermeira,  estudei diabetes na faculdade, tenho amigos médicos... Mas a dúvida de como conduzir uma gestação era grande. A maioria das pessoas acredita não ser uma boa idéia.

Como disse em outro depoimento, minha descoberta acerca do diabetes aconteceu antes mesmogisele que ela chegasse. Através de exames de rotina identificamos resultados próximos aos valores preocupantes e após uma investigação, descobrimos que eu possuía um anticorpo que atacava minhas células produtoras de insulina e, com isso, um dia, eu seria diabética. Um ano? Dois? Cinco? Não sabíamos. Então começamos a tratar para atrasar a sua chegada. Em 2006 comecei a usar lantus.

Mas a questão maternidade já estava rondando nessa época. Casei-me no mesmo ano, mas planejava filhos para anos depois. Aí veio a dúvida: deveria engravidar logo, já que ainda não era diabética, o que seria melhor para o bebe, mas correr o risco do organismo "desandar" e a diabetes se instalar logo? O assunto me interessava tanto  que cheguei a fazer o TCC de uma pos sobre a relação da diabetes e a gestação.

Recorri a pessoa que mais poderia me ajudar, meu endocrinologista. Dr. Edson me deixou segura na época. Disse-me que quando eu quisesse ser mãe, avisasse. Eu só não deveria chegar gravida. Deveríamos ter um bom controle da glicemia antes que eu engravidasse.

Segui. Anos depois a diabetes chegou, iniciei insulina rápida, além da lantus e depois comecei a usar a bomba de insulina. Conquistei um bom controle.

Aí o desejo de ser mãe chegou! E eu já tinha um bom controle...
Não tive problemas para engravidar. Engravidei assim que liberei.

Se eu já fazia um bom acompanhamento para ter um bom controle, a partir da gestação, isso se intensificou! Ajustes nas doses de insulina, consultas mais frequentes  ao endocrino, olho na alimentação e exercício físico depois do primeiro trimestre.

Foi fácil? Não. Não posso mentir. As doses de insulina aumentavam com o decorrer da gestação. Eu enjoei a gestação toda, o que deveria me deixar mais atenta às minhas glicemias pois se eu vomitasse, poderia ter uma hipo, uma vez que havia tomado a dose de insulina para aquela alimentação, mas só teria absorvido parte dela.

Dr. Edson me alertou para um aumento nas glicemias no quinto mês. Época que alguns hormônios contribuem para o aumento delas. Aí o bicho pegou. A dose de insulina subiu e as vezes parecia não ser suficiente.

gisele 2Chorava! Sim, eu chorava.

Havia aprendido com o meu trabalho na pós que as glicemias altas poderiam prejudicar o bebe. E isso me angustiava. Porém meu medico nunca me deixava sem assistência. Eu ligava para ele ou mandava emails sempre e sempre recebia a orientação necessária.

Como se não bastasse, tive um incidente com a minha bomba de insulina: entrou água no equipamento. E eu estava viajando, era fim de semana... E a gestante frágil chorou!

Mais uma vez dr. Edson atendeu o meu telefonema, orientou-me ... Fiquei arrasada com a possibilidade de ficar sem a bomba. Além de ser super prática, ela é muito eficiente no controle das glicemias, principalmente na gravidez. Mas consegui resolver o problema com a empresa da bomba e em menos de uma semana, lá estava eu usando bomba outra vez.

Tive uns probleminhas na gestação que independiam da condição de diabética, mas que deixavam minha gravidez mais delicada: tinha dores no quadril e tive contrações com sete meses, o que me obrigou a repousar. Aí nada de exercícios, de trabalhar, de nada.

Mas continuei me cuidando. Controlando as glicemias, fazia diversas pontas de dedo por dia para garantir que a Insulina estava sendo suficiente.


Chegou o dia de Pedro nascer. Lá estava eu no hospital com a minha obstetra... E com o meu endrocrinologista também. Dr. Edson monitorou a minha glicemia e manuseou  a bomba durante todo o tempo. Senti-me segura com sua presença. Sei que nem todos os profissionais conhecem a bomba de insulina e seu funcionamento, então ter meu medico lá era maravilhoso. Alguém que saberia como cuidar do assunto. Pedro nasceu com 4.250g e 51,5cm, no dia 4 de março de 2011, 2 anos depois de começar a usar a bomba. Ele nasceu saudável! Não teve nenhuma hipoglicemia (situação esperada em bebês de mães diabéticas). Recebemos alta juntos 48h depois da cesárea. Ótimos. Minha dose de insulina já havia começado a baixar, uma vez que o bebe não estava mais em meu ventre.

Não tivemos qualquer problema após o parto. Pedro mamava avidamente no momento da alta, minha glicemia começava a ficar mais fácil de controlar...

Fácil? Não! Não foi. Mas foi possível! É possível!

Sei que tive um acompanhamento que nem todas as mulheres têm. Mas também é possível obtê-lo. Consegui a bomba e todos os seus insumos por processo judicial. Dava trabalho, mas eu recebia tudo que precisava para o melhor tratamento que eu poderia ter.

Sei que muito do que conquistei vem da ótima orientação que recebi e recebo, mas também sei que tem muito de mim: disciplinada. É isso que todos me dizem. Que sou disciplinada. E sem isso não teria sido possível obter o bom controle necessário para engravidar de forma saudável. Sem disciplina eu não saberia se as doses de insulinas eram, ou não, suficientes. Sem disciplina, eu não contaria carboidratos para tomar as doses corretamente... Disciplina e amor! Um amor que começa a brotar por alguém que você nem conhece ainda, mas que estava vivo dentro de mim!

Não há experiência maior... Mais sublime! Eu me apaixonei por ele! Meu bebe, meu filho! Que eu tudo fiz para que chegasse bem!  E ele chegou!

Se ele tem diabetes?! Não. Ele não tem. Terá?! Também não sei! O que sei é que é possível ser uma gestante diabética. E dar à luz a uma bebe saudável.

Este ano passaremos nosso quarto dia das mães juntos! E que venham milhares de outros anos com meu bebe, meu amor maior!


Giselle Mamede Tenório.