segunda-feira, 3 de dezembro de 2012

A história de Henrique narrada por sua mãe Michelle

Olha só a história da Michelle e de seu doce filho Henrique…

Ola Carolina,

Meu nome é Michelle e meu docinho também diabético é o Henrique hoje com 2 anos e 10 meses. O diabetes entrou na nossa vida no dia 17 de janeiro deste ano. O Henrique começou a urinar muito e pedindo muita água, eu achei que estava normal, estava muito calor bebia muita água, então teria que urinar muito logicamente.... Um dia minha mãe me alertou para o diabetes, pois minha avó é diabética tipo 2 e era os mesmos sintomas dela quando descobriu. Mas achava que não seria isso, na michelle e henriquerealidade achava que nunca chegaria na minha casa,mas chegou. Até que um dia ele começou a ficar muito quieto, só queria colo ou ficar deitado, o sono muito agitado acordava quase de hora em hora a noite. Os priminhos dele foram passear na nossa casa e ele nem quis brincar com eles. Então fiquei muito preocupada, liguei no consultório da pediatra dele que é numa cidade vizinha, mas só tinha horário na semana seguinte... Resolvemos levar ele assim mesmo sem marcar nem nada. Chegando lá, as secretarias disseram que infelizmente não teria como a medica atende-lo porque eu não tinha marcado nada e ela estava esperando para ser chamada para uma cesárea, mas pedi pelo amor de Deus pra elas conversar com a medica porque eu teria então que levá-lo ao pronto socorro e não queria porque ela já era a pediatra dele. Comecei a me desesperar com ele molinho no meu colo no consultório de um medico e as secretarias nem queria falar com medica. Acho que elas viram que ele não estava bem e então organizaram para ele ser atendido. Aqui nossa medicina é muito atrasada, moro em Bom Jesus de Goiás e aqui só tem o Hospital municipal que sempre tem um clinico geral de plantão e os especialistas vêm de outras cidades com dias marcados, é muito difícil de conseguir vagas. Quando precisamos temos que ir às cidades vizinhas em casos mais graves os pacientes são levados para Goiânia ou Uberlândia que ficam a aproximadamente 200 km daqui. Mas assim que entramos no consultório e disse o que estava acontecendo a medica me disse que poderia ser o diabetes, pediu os exames com urgência e saímos correndo para o laboratório. Isso era umas 10:30 da manha e as 13:00 já estávamos no consultório com os resultados, e a noticia que eu nunca queria ouvir, a glicose dele estava 659mg/dl.Parecia que o chão ia se abrir, que o mundo acabaria, como já tinha contato, minha avó é diabética e ela já tem vários problemas do diabetes porque ela não se cuida muito bem, eu só pensava que ele teria os mesmos problemas, como seria o futuro dele, se eu ia conseguir cuidar bem dele, eu que sempre tive um medo tremendo de sangue, agulha como eu ia aplicar insulina nele.... Mas Deus coloca tudo no nosso caminho e nos da força para caminharmos, acho que ele sempre me preparou para me dar um filho diabético. Sempre me interessei pelo assunto, um pouco por causa da minha avó, sempre que ouvia algo sobre diabetes eu prestava muita atenção e sabia do diabetes em crianças mas não tinha noção da quantidade de picadas diárias. Uns três meses antes disso eu e meu marido participamos de um encontro de casais na nossa igreja e um casal que deu uma das palestra falou sobre o filho que tem diabetes e descobriu com 8 anos, falaram da união que eles tiveram e a Fe em Deus para superar as dificuldades da doença, no dia o filho deles estava la, um rapaz de 16 anos muito bonito e alegre... Nos dias da descoberta eu sempre pensava naquele casal, acho que Deus nos mandou naquele encontro já nos preparando para receber o diabetes em nossa casa. Só entendemos a ação de Deus muito tempo depois.....

Mas voltando a descoberta, o marido da pediatra do Henrique é o único endocrinologista da região e também meu medico de hipotiroidismo, na hora a pediatra ligou pra ele que organizou a internação. O pior, estava funcionando apenas um hospital na cidade que estava cheio de crianças com virose. O Henrique ficou internado apenas um dia por causa do risco de pegar uma virose e piorar tudo. Medições de glicose de 2 em 2 horas e correção com a insulina , e a cada picada um choro e choravam todos mamãe, papai , vovo e as enfermeiras que pareciam que nunca tinham visto aquilo parece que quase choravam também. Chegamos em casa e aquele medo sem saber o que fazer e a glicemia dele não abaixava, por sorte os dois médicos me passaram os celulares e ate o telefone da casa deles, que eu ligava sempre que media a glicose que não abaixava, era de 2 em 2 horas durante o dia, a noite e de madrugada, foram 2 anjos que Deus colocou nas nossas vidas.... Minha irmã que é farmacêutica aplicou a primeira insulina e me completou as dicas de como aplicar que o endocrinologista tinha me dado. Como o Henrique não tinha nem 2 anos completos, o medico me pediu para levá-lo num endocrinologista pediátrico e me passou o telefone de alguns que ele tinha que por sinal eram em Goiânia e Uberlândia, mas quase todos só tinham vaga para 2 ou 3 meses depois. Por sorte em Uberlândia a medica tinha uma vaga para dai 2 dias porque teve uma desistência. Um dia antes depois do jantar ele começou a manifestar os sintomas da bendita virose, que era muito forte. Ele não ficava quieto rolava na cama passava as mãozinhas na barriga e começou a vomitar muito,e a primeira hipoglicemia que dessa vez não subia, ligava para os médicos aplicamos injeção para cortar o vomito, porque não parava nada no estomago dele e com isso a glicose não subia. Foi um sufoco ate as 11 hrs da noite, então o endocrinologista disse que teríamos que interná-lo para tomar glicose,como a consulta com a endocrinologista infantil era no outro dia as 8 da manha, resolvemos levá-lo aquela hora mesmo para Uberlândia, se internássemos ele aqui eles não iam liberá-lo a tempo de chegarmos lá para a consulta. Estava dando coisas doces para ele e graças a Deus a glicose dele subiu um pouco, chegou a 80. Chegamos lá quase 3 da madrugada, a sorte que com o barulho do carro ele dormiu um pouco e parou de vomitar no caminho, mas chegando lá foi só descer do carro e começou os vômitos novamente. Levamos ele em um Hospital que já conhecíamos e era perto do consultório da endocrinologista, achei que talvez ela atendesse lá e eles chamariam ela. Mas me enganei, porem eles foram muito atenciosos, colocaram o soro nele e monitoravam a glicose, disse que tinha a consulta marcada e então as 7 da manha eles nos liberaram. Chegando ao consultório logo fomos atendidos e o Henrique ainda com Hipoglicemia, nossa medica nos deu todas as informações que faltavam diminui um pouco as picadas e ajustou um pouco as insulinas. Mas com a virose ele ficou 2 dias sem tomar a insulina, ficamos lá na cidade na casa da minha tia ate ele melhorar um pouco. E tudo começou a se ajustar, a virose começou a passar e ele voltou a comer. Fomos encaminhados ao nutricionista e voltamos para casa, e começou a nova rotina aplicações de insulina e alimentação correta. Graças a Deus ele se adaptou bem a alimentação, aprendeu a comer frutas e verduras mas nem todos os dias ele come a quantidade correta de CHO, e por mais que eu insista alguns dias não adianta muito. Estamos testando as insulinas ainda, a lantus deu certo porem tinha que aplicar a insulina rápida para controlar em todas refeições, agora passamos para NPH, mas ela varia muito estou achando que a glicose não esta tão controlada, a hemoglobina glicada aumentou de 7.8 para 9.0. Nossa medica esta insistindo na bomba de insulina, mas estou com medo dele não se acostumar por ser muito pequeno, e com medo também de infecção porque ficamos muito na fazenda e as vezes ele se suja muito, e também pelo medo dele puxar o cateter, acho que vamos esperar ele crescer um pouquinho.

Aqui a ajuda do governo com o diabetes é péssima. A única coisa que conseguimos pegar no posto de saúde são as fitas para medir glicose,quando tem. As vezes passa quase 3 meses e nada de chegar as fitas no posto.Graças a Deus, apertamos um pouco e conseguimos comprar tudo que Henrique precisa para o diabetes, mas fico pensando, aqui na minha cidade uma criança com diabetes sem condições financeiras que depender exclusivamente do governo, acho que não sobrevive.Temos que tomar iniciativas....

Espero que tenha gostado da minha historia.

Um abraço Michelle

4 comentários:

  1. Olá Michelle! Também tenho uma filha diabética, ela tem 11 anos e quase dois de descoberta. Por coincidência moramos no mesmo Estado. Não conheço sua cidade especificamente. Porém, sei como o interior de Goiás é esquecido pelo poder público, principalmente na área da saúde. Os municípios têm o hábito de passar a bola para Goiânia. Como disse anteriormente, minha filha é diabética e meu irmão também é DM1. Todos dois recebem os medicamentos e insumos referentes a DM 1 através do SUS. Inclusive, meu irmão é usuário da bomba e recebe um atendimento exclusivo com acompanhamento mensal da bomba(tudo pelo SUS). Pelo que sei a lei diz que todo portador de diabetes tem o direito aos medicamentos e insumos custeados pelo governo. Se você não consegue no seu município, procure o ministério público estadual em Goiânia. É um direito do seu filho! Sabemos como é caro manter uma criança diabética! Qualquer dúvida, se eu puder te ajudar, estou a disposição. Abraço!

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  2. Oi Michelle!tbem tenho um anjinho doce aqui em casa.....desde 04/01 desse ano....moro em Monte Alegre de Minas, colado em Uberlândia.....os médicos da minha filha são de lá tbém....o endócrino dela é um anjo....tive um colega de especialização da sua cidade, o Weber, dentista!lembrei qdo vi o nome da sua cidade.Se precisar de alguma coisa e eu puder te ajudar de algum jeito...meu email é kcmazevedo@yahoo.com.br
    um beijo grande a vcs

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  3. ola Michelle, tenho 21 anos e 19 anos de diabetes. Imagino o sofrimento de vocês ao se deparar com a doença. Só queria te dizer uma coisa: não insiste pra ele comer sempre certo, tem dias que não estamos a fim, e isso é como se fosse um direito do diabético,deixa ele comer o que ele quer de vez em quando. é melhor do que ele ficar achando tudo ruim e possivelmente mais pra frente 'jogar tudo pro ar e deixar a vida levar.. e sobre a glicada, a minha também era alta, mas não é com isso que tu tens que te preocupar agora, tens é que te preocupar com o dia a dia dele, ainda estás em fase de adaptação então esqueça um pouco a glicada( sei o quão importante ela é) e foque mais no dia a dia dele.
    Sei que é dificil mas é melhor pra voce e pra ele. A diabetes não é um bicho de 7 cabeças,só temos que aprender a lidar com ela, tanto que eu digo que eu estou casada há 19 anos com ela. Não são momentos fáceis mas não é nada que possa nos impedir de realizar nossos sonhos e ter uma vidã tão normal quanto as outras pessoas.

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  4. Ola, Obrigado a todos! Ainda estamos em fase de adaptação e é sempre bom escutar conselhos e coisas boas. Estamos lutando com o diabetes a cada dia, acredito que com as tentativas vamos chegar a um bom controle. Meu meio de buscar maiores informaçoes é pela net e adoro o blog da jujuba sempre aprendo coisa nova. Parabens carolina

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