terça-feira, 29 de dezembro de 2009

Férias: é possível curtir 'doces' momentos mesmo com diabetes






É possível viver bem com diabetes e ter férias muito tranquilas desde que o controle glicêmico adequado seja seu objetivo principal. Para que suas férias não sejam amargas, alguns cuidados devem ser tomados se você tem diabetes.

Ao dirigir:

Para quem vai curtir as férias em um destino próximo, e vai dirigindo, atenção com a hipoglicemia (baixos níveis de açúcar no sangue). Este fenômeno faz com que o cérebro aja de maneira diferente devido à falta de glicose. Isso pode deixar mais lenta a capacidade de reação do motorista e gerar confusão e desorientação. Portanto, tome cuidado. Esta não é uma boa condição para dirigir.

Antes de assumir o volante, o portador de diabetes deve tomar algumas precauções:

- Faça o teste de 'ponta de dedo' (glicemia capilar) para ver como estão os níveis de açúcar no sangue;

- Leve os equipamentos necessários para a realização do teste (glicosímetro, tiras-teste);

- Leve também algum tipo de açúcar simples e também um lanche com proteína, estando sempre preparado para situações inesperadas como um engarrafamento ou carro quebrado. Tenha suco em caixinha e tabletes de glicose no porta-luvas.

"Se você sentir sintomas de hipoglicemia, saia da estrada e espere até que os níveis de açúcar no sangue voltem ao normal e os sintomas parem. Sempre que possível, dirija com uma companhia. Pare a cada 3 ou 4 horas para fazer o teste de níveis de açúcar no sangue ou a qualquer momento que você suspeite de hipoglicemia", aconselha a Dra. Karla Melo, médica endocrinologista.

Para quem vai de avião:

Se para chegar ao tão sonhado destino você precisa viajar de avião, nunca se esqueça de programar como irá controlar seu diabetes. A recomendação é que tenha alimentos suficientes na bagagem de mão para repor os carboidratos que consome normalmente numa refeição. Biscoitos e barras de cereais são fáceis de carregar. Caso você seja usuário de insulina, ela deve ser transportada em um recipiente térmico, principalmente se o turista estiver embarcando para um clima quente.

Se você não tem um regime flexível de insulina, é possível ligar para a companhia aérea e perguntar a que horas geralmente fazem o serviço de bordo. As companhias aéreas preparam refeições especiais, solicitadas 24 horas antes do vôo, o que poderá privilegiar o equilíbrio do organismo da pessoa em trânsito.

Ao praticar atividades:

Se você tem diabetes e deseja caminhar, andar de bicicleta, escalar montanha ou velejar, leve alimentos e algum tipo de açúcar simples. Caso utilize insulina, deve levar um kit de glucagon e ensinar alguém sobre como e quando usá-lo. Carregue também o monitor de glicose. Em caso de crianças ou jovens é interessante viajar acompanhado.

Viagens longas para o exterior:

Ao viajar para o exterior, peça uma declaração do médico dizendo que você tem diabetes e que precisa levar as seringas ou canetas de aplicação. O registro médico, que deve estar preferencialmente em inglês e deve conter os dados do médico para casos de emergência, e as receitas podem ser úteis para apresentar a Polícia Federal, caso perguntem algo.

Mudar de fuso horário pode atrapalhar os horários de administração de medicamentos. Dependendo da distância, a pessoa perde ou ganha um dia. O médico pode ajudar na adaptação do horário, evitando, assim, que as diferenças de fuso afetem a alimentação do paciente e os horários de medicamentos.

"O viajante também deve levar insulina a mais para o caso de estourar alguma ampola no avião ou algum acidente que a impossibilite de utilizá-la", conta Vanessa Pirolo Vivancos, paciente DM Tipo 1.

O armazenamento da insulina é outro detalhe importante: se a viagem tiver um curto período de tempo, não há necessidade de refrigeração. Mas se a viagem durar mais de um mês é necessário carregá-la em uma embalagem térmica, com os gelos reutilizáveis, feitos a partir de gel.

Deixar o relógio com o horário de casa até chegar ao destino é uma boa dica. Isso permite que você ajuste corretamente o relógio no novo fuso horário. Pedir ajuda ao nutricionista para auxiliar com os diferentes tipos de alimentos também é uma boa recomendação. Em alguns países, carne, frutas frescas ou verduras podem ser raridades. As dietas podem consistir de um complexo de carboidratos, como feijão, milho, pão e arroz, e a pessoa precisará ajustar o medicamento de acordo com os alimentos.

O portador de diabetes deve estar instruído e conscientizado da importância do seu tratamento para ter qualidade de vida. Em caso de viagens, converse antes com seu médico, oriente-se e programe-se para o tempo e as peculiaridades do local aonde vai.




Dra. Karla Melo, endocrinologista da equipe de diabetes do Hospital das Clínicas da FM-USP.

Fonte: www.saudelazer.com

segunda-feira, 28 de dezembro de 2009

A importância da família



Estudos demonstram que o envolvimento familiar tem efeito positivo na satisfação pessoal, no aspecto psicológico e no controle metabólico dos pacientes. Por isso, a família é fundamental para que a criança e o adolescente aceitem o diagnóstico e os cuidados com a saúde de forma natural.
A maneira como os familiares recebem a notícia e lidam com isso mais ou menos tranqüila ou dramática também influencia no modo com ela verá a doença.
Quando a criança tem menos de 10 anos a família é responsável por 100% do tratamento. A idade que o paciente pode começar a medir a glicemia e aplicar insulina depende de cada criança e da relação de confiança que os pais têm com seus filhos. Na adolescência, geralmente é hora de iniciar a transição da responsabilidade, mas é essencial que isso seja feito de forma saudável e gradual.

E você sabia da importância da família?

Fonte: http://www.diabeteseissoai.com.br/

domingo, 27 de dezembro de 2009

Diabete e Emoções






A Depressão em diabéticos é de 2 a 4 vezes mais freqüente que na população geral.


A Diabetes mellitus, aportuguezada para Diabetes Mellito e agora só Diabete, é um distúrbio do metabolismo que afeta primeiramente os açúcares (glicose e outros), mas que também tem repercussões importantes sobre o metabolismo das gorduras (lípides) e das proteínas. Muita gente pensa que diabetes é apenas um probleminha de açúcar alto no sangue. Infelizmente, não é bem assim.
A Diabete é uma doença que, hoje em dia, oferece boas possibilidades de controle, porém, se não for bem controlada, acaba produzindo lesões graves e potencialmente fatais, tais como o infarto do miocárdio, derrame cerebral, cegueira, impotência, nefropatia, úlcera nas pernas e até amputações de membros. Por outro lado, felizmente, quando bem controlada, as complicações crônicas podem ser evitadas e o paciente diabético pode ter uma qualidade de vida normal.
A causa dessa grave alteração do metabolismo dos açúcares na diabetes é conseqüência da produção e secreção insuficiente de insulina pelo pâncreas. A insulina é um hormônio que se encarrega de reduzir os níveis de glicose no sangue, é sintetizada no pâncreas por uma estrutura que se chama Ilhota de Langerhans. A causa da falência na produção ou no modo de atuação desse hormônio não é bem conhecida ainda, mas já se sabe que existem implicações genético-hereditários.
Pãncreas   A importância dos fatores hereditários foi suspeitada em estudos com gêmeos idênticos e com a árvore genealógica de pacientes com diabetes. Descobriram que a hereditariedade é um fator importante em ambos os tipos de diabetes. No diabetes tipo 1, há cerca de 50% de probabilidade de o segundo gêmeo vir a desenvolver essa condição, se o primeiro gêmeo já a tiver. Um filho de pai diabético tem 5% de probabilidade de desenvolver a doença. No caso da diabetes tipo 2, se um dos gêmeos idênticos aparecer com a doença, é virtualmente certo que ela vai também se manifestar no outro gêmeo.
Depressão e Diabete

Segundo o Dr. Marcio Versiani (citado por Sandra Malafaia), existem várias explicações para essa freqüente associação entre as duas patologias. Para ele, 20% da população em geral apresentam Depressão e os pacientes diabéticos têm ainda maior chance, pois o Diabete mexe com o equilíbrio hormonal podendo causar um estado depressivo. Em situações de estresse, também há um aumento na secreção de alguns hormônios, principalmente o cortisol, que age contra a insulina e ajuda a manifestar o diabetes (veja Suprarrenal e Estresse na seção Psicossomática).
A prevalência de Depressão em portadores de Diabete é cerca de 2 a 4 vezes maior que na população geral, podendo afetar até 30% dos diabéticos e uma metanálise confirmou o risco duplicado de Depressão em diabéticos, além de demonstrar que mulheres diabéticas têm um risco maior de depressão (28%) que homens diabéticos (18%) (Anderson e cols. 2003). Outros fatores de risco descritos são o estado civil solteiro, o menor nível educacional e dificuldades financeiras.
Pâncreas 2      

De fato, a Depressão no paciente diabético parece ser uma condição prevalente e universal. A etiologia e fisiopatologia dessa comorbidade permanecem ainda desconhecidas, mas provavelmente, trata-se de uma condição bastante complexa. Existem fatores biológicos, genéticos e psicológicos envolvidos nessa questão. Foram identificadas diversas anormalidades neuroendócrinas e de neurotransmissores comuns à Depressão e a Diabete, transformando a Depressão em um potencial agente interativo com a diabetes em múltiplos níveis (Lustman et al, 2000).
Em termos práticos, é importante saber que as pessoas que tem diabetes e também são deprimidas sofrem muito mais do que as que têm apenas Diabete. Com a Depressão a qualidade de vida piora muito, os custos médicos bem mais elevados e há maiores possibilidade de complicações do diabetes, notadamente das doenças cardíacas.
Embora os dados na literatura sejam controversos, estudos recentes mostram que a Depressão agrava o curso da Diabete em vários aspectos. No paciente deprimido há, por exemplo, um pior controle da dieta, do uso da medicação, dos cuidados gerais cotidianos, levando a uma piora da qualidade de vida e da evolução da doença. Por outro lado, inversamente, o controle irregular da Diabete pode agravar a Depressão e prejudicar a resposta aos tratamentos antidepressivos (Lustman e Clouse 2005). Estudos sobre disfunção cognitiva em diabéticos controlados e não-controlados sugerem que os pacientes com bom controle glicêmico têm um risco menor para desenvolver déficits cognitivos ao longo do envelhecimento.
Conforme estudou Clouse (2003), constata-se que os efeitos protetores contra a doença coronariana naturais do sexo feminino, são diminuídos ou praticamente anulados na presença do Diabete. A incidência em dobro da Depressão nas pacientes diabéticas explicariam a altíssima prevalência de coronariopatias em mulheres com Diabete.
Há, sem dúvida, uma interação psicológica e comportamental entre o Diabete e a Depressão, e ambos passam a ser de controle mais difícil, aumentando os riscos das duas doenças. As complicações da Diabete dizem respeito aos problemas cardiovasculares, retinopatia diabética levando a cegueira, neuropatia, e a outras. Um dos inconvenientes de não se tratar a Depressão do diabético é o sintoma do desencantamento para com a vida, proporcionando assim uma baixa aderência ao tratamento do Diabete, controle inadequado dos níveis de açúcar no sangue, bebidas em excesso e aumento do risco de complicações da doença.
O início mais precoce da Diabete e o mau controle da glicemia aumentam o risco de Depressão e doença cerebrovascular levando a um impacto nas funções cognitivas com maior risco de declínio cognitivo ao envelhecer (Awad e cols. 2004).
Em nosso meio, Martins e cols (2002) estudaram a prevalência de Depressão em mulheres diabéticas na pós-menopausa em hospital do Rio Grande do Sul. Comparando 80 mulheres com diabetes e 45 mulheres sadias através do questionário de depressão de Beck, observaram que as mulheres diabéticas tinham uma prevalência 2,4 vezes maior de Depressão em comparação com as não diabéticas. Subdividindo o grupo das diabéticas naquelas com e sem Depressão, constataram que aquelas com Depressão apresentavam um pior controle do quadro de Diabete, com elevação de glicemia de jejum e de hemoglobina glicosilada.
Ricco e cols. avaliaram em 2000 a prevalência de Depressão em portadores de Diabete e hepatites virais de ambulatórios da Faculdade de Medicina de São José do Rio Preto, SP. Usando o questionário de Beck, encontraram sintomas de Depressão em 68% dos diabéticos e em 31% dos portadores de hepatites virais. Gilmer e cols. (2005) estudaram o impacto de doenças cardiovasculares, hipertensão arterial, depressão e valor da hemoglobina glicosilada (HbA1c) no custo do tratamento da Diabete.
Incidência de Depressão e Ansiedade na Diabete

A literatura existente sugere que Transtornos de Ansiedade estão associados com o hiperglicemia em pacientes diabéticos, tipo 1 ou 2, em 12 estudos de uma meta-análise realizada por Anderson e col. (2002). Dezoito estudos que envolveram uma população de 2584 diabéticos e 1492 sem diabetes encontraram 14% de ansiedade em não diabéticos contra 40% nos diabéticos (Grigsby, 2002).
Outra meta-análise realizada por de Groot em 2001, verificou que a Depressão foi associada significativamente com uma variedade de complicações da Diabete, tais como, a retinopatia diabética, nefropatia, neuropatia, complicações macrovascular e disfunção sexual, portanto, constatando uma associação significativa e consistente de complicações da Diabete e de sintomas depressivos.
No estudo de Anderson (2001) também se constata que a probabilidades de Depressão no grupo diabético foi duas vezes maior que aquela do grupo não-diabético. A prevalência de Depressão como comorbidade foi significativamente mais elevado nas mulheres diabéticas (28%) do que nos homens diabéticos (18%). Concluíram que a presença de Diabete dobra as probabilidades de Depressão. Igual resultado, mostrando que a Depressão é associada à hiperglicemia nos pacientes com diabetes tipo 1 ou tipo 2 foi confirmada por Lustman e cols. em 2000.
Segundo ainda Lustman e cols, em outro trabalho (1997), o Transtorno Depressivo estava presente em 15% a 20% dos pacientes com Diabete. Confirmando o curso da doença diabética, mesmo após o tratamento bem sucedido para depressão, e a Depressão apresenta recorrência em 80% desses casos.
Alguns Agravantes da Depressão e da Diabete

O diagnóstico de Depressão no paciente diabético é dificultado pela presença de vários sintomas físicos decorrentes do diabetes, os quais também podem ser indicativos de depressão. A perda de peso, as modificações do apetite, diminuição da libido e outros, são sintomas que podem ser referidos pelo paciente diabético sem que, necessariamente, ele esteja deprimido. Dessa forma, o exame clínico deve se concentrar nas queixas psíquicas, tais como, tristeza, desesperança, perda do prazer, sentimentos de culpa, autodepreciação, apatia, desinteresse, desânimo.
Primeiramente, a possibilidade de Depressão no paciente diabético não foge às regras da possibilidade de Depressão em outras pessoas não diabéticas, ou seja, devemos contar com o elemento constitucional e hereditário.
Em segundo, a própria situação existencial de uma pessoa que sofre uma doença crônica, algo limitante, é um fator facilitador para o estado depressivo. Essa situação existencial do diabético propensa à Depressão varia na medida das limitações impostas pela doença e, mais importante, agrava-se na proporção das complicações típicas da Diabete, como por exemplo, o comprometimento visual, renal, circulatório, etc.
Um dos atenuantes, entretanto, também é a maneira como médico aborda o paciente e conduz seu tratamento. Proporcionar condutas alternativas que minimizem as limitações, programas para melhoria da qualidade de vida, controle assíduo, explanações otimistas, terapias de grupo e vigilância continuada no controle da Depressão.
Lin e cols. (2004) fizeram um levantamento através de questionário sobre a influência de Depressão nos cuidados que o paciente tem com sua Diabete. Houve uma associação entre a Depressão e diminuição da atividade fisica, descuido com a dieta e menor adesão aos tratamentos medicamentosos com antidiabéticos orais, anti-hipertensivos e redutores de colesterol. Os autores concluem que os pacientes diabéticos e deprimidos apresentam menor iniciativa para cuidar corretamente de sua doença, negligenciando na adesão aos cuidados gerais de saúde e ao tratamento medicamentoso.
Fisiopatologia

A via fisiológica final e comum entre Diabete e Depressão seria o eixo hipotálamo-hipófise-supra-renal, o qual estaria muito sensível na resposta do organismo ao estresse, com aumento de liberação de glicocorticóides, catecolaminas e hormônio do crescimento e glucagon, os quais se contrapõem à ação da insulina. Haveria um estado de hiperglicemia induzido por esses fatores (Musselman e cols. 2003). O aumento do cortisol relacionado à depressão poderia ainda induzir à obesidade abdominal e à síndrome metabólica, fatores de risco para o diabetes (Brown e cols. 2004). Prestele e cols. (2003) aventam a hipótese de que a normalização do eixo hipotálamo-hipófise-supra-renal levaria à melhora dos sintomas depressivos e da Diabete.
Estudos de neuroimagem funcional demonstram que os pacientes com Depressão apresentam alterações no transporte de glicose no cérebro, levando a um prejuízo da entrada de glicose nas células (Musselman e cols. 2003). Estes e outros estudos demonstram que a depressão não é apenas uma conseqüência psicológica do diabetes, mas tem em comum com esta algumas alterações metabólicas relacionadas ao complexo metabolismo da glicose.
Tratamento de Manutenção

Os pacientes diabéticos e depressivos necessitam de tratamento continuado tanto para uma patologia quanto para outra. Lustman (1997) acompanhou por 5 anos 25 pacientes diabéticos, os quais tinham sido submetidos a um tratamento antidepressivo durante 8 semanas e considerados bem, segundo critérios do DSM-III-R, e uma escala da severidade do depressão.
Piette e cols. (2004) estudaram as necessidades de tratamento de portadores de Diabete com Depressão. Salientam que é necessário um monitoramento ativo de sintomas depressivos nesses pacientes, já que eles podem não distinguir sintomas depressivos de sintomas de Diabete.
Além disso, consideram importante conciliar o tratamento da depressão com o da Diabete, incluindo medidas de terapia cognitivo- comportamental, tanto para a Depressão como para a Diabete, de modo a melhorar tanto o quadro depressivo, como a Diabete. Atividade fisica deve ser incentivada, pois promove tanto a melhora do quadro depressivo, como auxilia na estabilização do quadro metabólico.
Houve recorrência da Depressão em 92% dos pacientes, com uma média de 4,8 episódios depressivos neste período de 5 anos. Nenhum deles havia tomado medicação de manutenção profilática, daí a necessidade de tratamento de manutenção e continuado.




FONTE : http://www.psiqweb.med.br/site/?area=NO/LerNoticia&idNoticia=36Ballone GJ - Diabetes e Depressão, in. PsiqWeb, Internet, disponível em http://www.virtualpsy.org/psicossomatica/diabetes.html, revisto em 2005.

Diabete e Problemas de Saúde Bucal


Existe uma ligação entre as doenças gengivais e diabetes? 

Dos 21 milhões de americanos que têm diabetes, muitos podem ficar surpresos com uma inesperada complicação associada com esta condição. 


Pesquisas sugerem que há uma prevalência aumentada de doenças gengivais (gengivite e periodontite) dentre aqueles com diabetes, somando as doenças gengivais a uma lista de outras complicações associadas com diabetes, tais como doenças cardíacas, acidentes vasculares encefálicos isquêmicos (derrame cerebral) e doenças renais.


Existe uma via de mão dupla? 

Pesquisas recentes sugerem que a relação entre doenças gengivais e diabetes é uma via de mão dupla. Não somente as pessoas com diabetes são suscetíveis às doenças gengivais, mas esta pode ter o potencial de afetar o controle glicêmico no sangue e contribuir para a progressão do diabetes. Pesquisas sugerem que pessoas com diabetes têm alto risco de adquirirem problemas bucais, tais como gengivite (um estágio inicial de doença gengival) e periodontite (doença gengival avançada com perdas ósseas). Pessoas com diabetes têm um risco aumentado para doenças gengivais avançadas porque os diabéticos são geralmente mais suscetíveis às infecções bacterianas, e têm uma diminuição na capacidade de combater as bactérias que invadem o tecido gengival.

O Surgeon General´s Report on Oral Health afirma que uma boa saúde bucal é parte integrante da saúde geral. Por isso, escove os dentes, use fio dental e consulte o dentista regularmente.


Por ser diabético corro um risco maior de ter problemas com os dentes? 

Se seus níveis de glicose no sangue não forem bem controlados, você tem maior chance de desenvolver doença gengival avançada e de perder dentes quando comparado a pessoas que não têm diabetes. Como todas as infecções, a doença gengival pode ser um fator que eleva o açúcar do sangue e pode tornar o controle do diabetes mais difícil.

Outros problemas bucais relacionados com diabetes são: candidíase (sapinho- uma infecção causada por um fungo que cresce na boca), boca seca que pode causar aftas, úlceras, infecções e cáries.


Como evitar problemas dentários associados ao diabetes? 

Em primeiro lugar, o mais importante é você controlar o nível de glicose no sangue. Em seguida, cuide bem dos seus dentes e gengiva e faça exames minuciosos a cada seis meses. Para controlar as infecções por fungo, controle bem seu diabetes, procure não fumar e, se usar dentadura, remova-a e limpe-a diariamente. O controle adequado da glicose do sangue também ajuda a evitar ou aliviar a boca seca causada pelo diabetes.


Que posso esperar das minhas consultas com o dentista? Devo contar a ele que tenho diabete?

As pessoas que têm diabetes necessitam cuidados especiais e seu dentista está preparado para ajudá-lo. Mantenha seu dentista informado sobre qualquer alteração em seu estado de saúde e sobre os medicamentos que estiver tomando.Exceto em caso de emergência, não se submeta a qualquer procedimento dentário se o açúcar no sangue não estiver bem controlado.



Fonte: http://www.colgate.com.br/


domingo, 20 de dezembro de 2009




Feliz Natal
boas prendas
boas comidas
bons abraços
boas gargalhadas
bons momentos



Dicas para Ceias de Fim de Ano Saudáveis



No ano passado, a nutricionista Ana Flôr Picolo forneceu dicas valiosas para que as pessoas com diabetes não afrouxassem no controle glicêmico, sem deixar de saborear as delícias das festas de fim de ano. A recomendação máxima foi a moderação, ao invés da proibição de alimentos.
Este ano, a nutricionista Juliana Tomandl Fontes preparou outras dicas e uma receita especial de rabanada de forno para os internautas:
- Não existe alimento proibido para quem tem diabetes. Porém, ele precisa prestar atenção à quantidade ingerida. Se comer alimentos ricos em gordura e açúcar, deve fazê-lo com muita moderação.


Fibras
Para começar a ceia, nada melhor do que uma salada rica em fibras, sugere a especialista.


“Trata-se de um prato que retarda a absorção da glicose no sangue, sendo esse um ótimo efeito para quem tem diabetes”, explica.


As saladas compostas de legumes e verduras possuem muitas vitaminas e minerais, que são essenciais ao bom funcionamento do organismo. Nozes, uvas passas, grãos de trigo e azeite extravirgem são ingredientes de uma combinação rica e nutritiva:


“Se possível, opte pelos vegetais orgânicos, que possuem mais nutrientes, além de não conter agrotóxicos”, recomenda.


Farofa
Uma adaptação que torna a irresistível farofa menos pesada para o controle da glicemia é a substituição do bacon por vegetais. “Ficará diferente e divina”, opina a nutricionista.


Doces
Quanto às sobremesas, dê preferência àquelas secas, ou preparadas à base de frutas, evitando, assim, os doces refinados. Se não conseguir renunciar, a saída é ficar com um pedaço pequeno, recomenda Juliana.


Álcool
Moderação é palavra-chave quanto ao consumo de bebidas alcoólicas. Vinho e champanhe são as escolhas mais seguras, porém o ideal é não tomar mais do que uma taça. “Caso queira consumir essas duas bebidas, limite-se a meia taça de cada” – sugere Juliana.


Arroz 
A melhor opção é o de tipo integral. Ou, então, o preto. A nutricionista lembra que acrescentar vegetais cozidos e picados deixa o prato mais nutritivo, saboroso e até bonito.


Molhos e Temperos
Melhor se feitos à base de iogurte desnatado ou maioneses de soja. Temperos naturais e com ervas devem ser preferidos no lugar de condimentos prontos, ricos em sódio e gorduras.


Frituras
Convém evitá-las ao máximo. Dê preferência aos alimentos assados, grelhados ou cozidos. Dentro desse espírito, a nutricionista Juliana desenvolveu uma receita especial para um Natal saudável: a Rabanada de Forno.

Receita Especial

Rabanada de Forno

Ingredientes

1 lata de leite condensado de soja ???
1 lata de leite desnatado (usar a medida da lata de leite condensado)
3 ovos
6 unidades de pão francês integral
Adoçante em pó a gosto
Canela a gosto

Modo de Preparo

Corte os pães em rodelas grossas e disponha-os em uma assadeira grande untada com um fio de óleo. Bata no liquidificador o leite condensado de soja, o leite desnatado e os ovos. Jogue essa mistura sobre as fatias de pães e deixe cerca de 20 minutos em espera, para amolecer os pães. Leve ao forno até ficar dourado. Misture o adoçante com a canela e salpique sobre as rodelas de pão já douradas.

Observação: Cuidado para não deixar os pães torrados. Eles devem ficar amolecidos na parte interna.
Rendimento: 12 porções


FONTE: ADJ Dezembro 2009

Festas de Fim de Ano: Alegria de Sobra e Moderação à Mesa para Controlar o Diabetes


Entre o Natal e o Ano Novo, como compartilhar à mesa recheada de alegria e confraternização sem brigar com o controle glicêmico?
Depois de conversar com a nutricionista Ana Flôr Picolo, a ADJ preparou um pequeno guia sobre alimentos, entre pratos, sobremesas e acompanhamentos, divididos em três categorias: os que devem ser consumidos com moderação; aqueles a serem ingeridos com muita moderação; e os liberados – sempre dentro da contagem de carboidratos.


Moderação no Lugar de Proibição
“Hoje em dia não se trabalha mais com a proibição”, informou a nutricionista, membro da equipe de educação da ADJ e integrante do núcleo de apoio do programa Saúde da Família.
Existem, porém alguns pratos, reunindo gordura e açúcar em altas doses, que exigem atenção redobrada por quem tem diabetes. Isso quer dizer que optar pela rabanada significa consumir cerca de 300 calorias - abrindo mão de algum outro item que poderia oferecer mais nutrientes.
O importante é não esquecer a contagem de carboidratos. Por isso, moderação, em vez de proibição, deve ser a palavra-chave para curtir todas as festas e ceias sem deixar de manter o diabetes sob controle.


Veja uma seleção dos pratos típicos da época:


Com Muita Moderação


Rabanadas: Opção das mais calóricas. Consumir uma fatia significa abrir mão de alguma porção de algo mais nutritivo como arroz.


Farofa com bacon: As que levam ingredientes pesados, como lingüiça calabresa carregam grande quantidade de carboidratos. Prefira as mais leves.


Carne de porco: Pede muita atenção devido à gordura maior em relação às carnes brancas.


Bebidas Alcoólicas: As mais desaconselhadas são as batidas que levam leite condensado e a caipirinha que leva açúcar adicional. O problema da cerveja é que um copo costuma levar a outro. Uma taça de vinho ouchampanhe continua sendo a escolha mais segura. 


Salada de Maionese: Pior se for acompanhada de arroz.


Sobremesas mais pesadas como pavê de bolachas exigem atenção redobrada.



Com Moderação


Panetone: Não deve ser consumido como sobremesa. Nem durante a ceia. Uma fatia no café da manhã ou no lanche da tarde – substituindo o pão ou a bolacha – é o ideal.


Frutas cristalizadas como damascos e figos: consumo moderado, dentro da contagem de carboidratos. 


Frutas secas como nozespistache e castanhas pedem a mesma moderação.



Liberados


Frutas: Podem ser consumidas tranqüilamente, sempre sem exageros. Se você projetar seus pedidos para 2009 nas uvas, procure não passar de um cacho.


Lentilhas: Prato típico das ceias na virada do ano, contêm poucas calorias, nenhuma gordura e muitos nutrientes. Também são ricas emfibras.


Saladas de folhas: Frescas e pouco calóricas, são exemplos de pratos leves, ideais para o verão.


Chester e peru: Dê preferência às carnes magras como essas.


Água: “Beber muita água ajuda a controlar a glicose” - lembra a nutricionista Ana Picolo.



FONTE: ADJ Dez 2008


Para festejar, basta programar



*Entrevista com a nutricionista Mariana Del Bosco, da Abeso


Pode ser que você seja daqueles que considera que há apenas duas escolhas no mês de dezembro: sucumbir às múltiplas tentações das festas e ganhar uns quilinhos ou fugir de todas elas e manter a silhueta em ordem. Seja qual for a sua escolha, é bom saber que existe uma terceira trilha. É possível frequentar as festas, coquetéis, confraternizações e chegar a janeiro com o peso - e a glicemia - ainda sob controle.

A nutricionista Mariana Del Bosco, da Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade (Abeso), garante que, planejando com antecedência, é permitido aproveitar o que o fim de ano tem de bom sem prejuízos. "Dependendo do evento a que a pessoa vá, é recomendável fazer um lanchinho antes", diz Mariana.

Se o evento em questão acontecer logo após o trabalho, o melhor é esquecer o lanchinho, porque optar pelos dois representaria um aporte muito grande de calorias. Assim, um coquetel no final do dia pode ser encarado como o lanche da tarde. Sem exagerar, é permitido consumir alguns canapés, por exemplo, de preferência aqueles mais "magros", e até uma taça de bebida alcoólica, após a ingestão de algum alimento. Ao chegar em casa, o melhor é optar por um jantar leve, com verduras e legumes e pouca gordura.

Se o coquetel for marcado para um horário um pouco mais tarde, o negócio é se prevenir, tomando uma sopa leve antes de sair. No caso de um jantar de comemoração, a opção pelo lanche da tarde deve ser mantida e a escolha deve recair sobre uma fruta.

"Nos jantares, que costumam ter pratos calóricos, a receita é equilibrar evitando consumir tira-gostos e entrada, bebendo água no lugar de suco de frutas ou, se houver consumo de bebida alcoólica, dispensar a sobremesa", ensina a especialista.

Mariana ensina ainda que nos dias em que não houver comemorações, o melhor é manter uma alimentação saudável e equilibrada e cortar durante todo o mês o consumo de frituras, doces, massas, achocolatados e pães. "Uma forma garantida de conseguir isso é não comprar durante o mês esse tipo de produtos para levar para casa", diz a nutricionista.


quinta-feira, 10 de dezembro de 2009

Como entender os termos do diabetes






O que a gente costuma escutar, ouvindo conversas sobre diabetes é um punhado de termos abreviados e de siglas. Para ajudar você a entender melhor o que significam essas siglas e abreviações, damos um glossário dos termos mais usados nos meios que se ocupam do diabetes.
DM1 — refere-se ao diabetes tipo 1, antigamente conhecido como diabetes insulino-dependente ou diabetes juvenil. As pessoas com DM1, ou tipo 1, não produzem sua própria insulina e precisam injetar insulina no corpo diariamente.
DM2 — Mais conhecido como diabetes tipo 2, ou diabetes do adulto, esse termo surgiu da idéia de que algumas pessoas conseguem produzir insulina. Porém, algumas pessoas com diabetes tipo 2 devem usar insulina como parte do tratamento.
ADA — A American Diabetes Association ou Associação Americana de Diabetes é o mais antigo de todos os grupos de diabéticos—que se concentra em pesquisa, informações e advocacia. Suas publicações e recomendações estabelecem o padrão do tratamento do diabetes nos Estados Unidos (www.diabetes.org).
EASD — A European Association for the Study of Diabetes é uma organização de diabetes que engloba cientistas, médicos, profissionais de laboratório, enfermeiros e estudantes do mundo todo, interessados em diabetes e assuntos afins. Suas publicações e recomendações ajudam a definir o padrão de atendimento na Europa (www.easd.org).
IDF — A International Diabetes Federation é uma aliança mundial de mais de 200 associações de diabetes em mais de 160 países, reunidas para melhorar a vida de pessoas com diabetes, nos quatro cantos do mundo.(www.idf.org)
JDRF — A Juvenile Diabetes Research Foundation é um grupo dedicado a arrecadar verba e aumentar a conscientização das pesquisas sobre o diabetes juvenil tipo 1 (www.jdf.org).
SBD — A Sociedade Brasileira de Diabetes é uma associação que tem como objetivo contribuir para a prevenção e tratamento adequado do diabetes, disseminando conhecimento técnico-científico entre médicos e profissionais de saúde, conscientizando a população a respeito da doença, melhorando a qualidade de vida das pessoas com diabetes e colaborando com o Estado na formulação e execução de políticas públicas voltadas para a atenção correta dos pacientes e para a redução significativa do número de indivíduos com diabetes em nosso país (www.diabetes.org.br).
ADJ — A Associação de Diabetes Juvenil é uma entidade fundada por um grupo de pais de crianças e adolescentes com diabetes. Seu objetivo é promover educação nesse campo para portadores, familiares, profissionais de saúde e comunidade. A ADJ busca também favorecer a qualidade de vida (www.adj.org.br).
ANAD — A Associação Nacional de Assitência ao Diabético é uma instituição filantrópica, sem fins lucrativos, dedicados a atender, orientar, acompanhar, tratar e educar pessoas com diabetes. Atua junto a portadores de Diabetes e também junto aos multiprofissionais de saúde que trabalham em diabetes, no sentido de atualizá-los, reciclá-los e capacitá-los em diabetes, propiciando melhor atendimento e conseqüentemente uma melhor qualidade de vida ao paciente com diabetes (www.anad.org.br).
Evidentemente, você poderá se deparar com novos termos e siglas, conforme for aprendendo mais sobre diabetes. Sinta-se à vontade para pedir explicações à sua equipe de atendimento.
Fonte: ACCU-CHEK

sábado, 5 de dezembro de 2009

O Doce Amargo Do Açúcar – Mara Narciso


A menininha tem cinco anos, é fofinha, com pele clara, cabelos cor de mel, finos e encaracolados. É aquela criança que convencionamos chamar de gracinha, de tão delicada que é. A mãe deixa a menina na escola e vai para o trabalho, mas no final do dia pega a filha e podem ficar juntas um pouquinho. 

Notou que a menina estava urinando muito e a toda hora. Olhava intrigada quando mais uma vez, e outra e mais outra, em um pequeno intervalo a criança pede para fazer xixi. Concomitantemente veio a sede intensa. Na hora de dormir pediu mais um copo de água. E de manhã a cama estava molhada. Então foi um susto, já que desde os dois anos a menina não mais urinava na cama. 

A mãe não hesitou e a levou imediatamente ao laboratório para fazer um exame de sangue. Houve a confirmação do diabetes. A glicose estava muito elevada, mas não foi preciso internar. A endocrinologista mandou iniciar com as injeções de insulina imediatamente, antes que a alta do açúcar no sangue ameaçasse a vida da menina, que também tinha emagrecido. 

Então começaram as instruções para bem cuidar daquela taxa de açúcar que sobe e desce ao sabor dos ventos. Foi indicada uma visita à nutricionista que prescreveu uma dieta. Sugeriu várias restrições, e também fixou os horários e as quantidades dos alimentos. É preciso obedecer com rigor para tentar evitar grandes flutuações da glicose. 

Quando a criança acorda, a mãe faz o exame de ponta de dedo – a glicemia capilar-, para verificar a taxa de açúcar, e então calcula qual dose de insulina deverá ser administrada. Após a insulina, a menina alimenta-se dentro daquilo que foi pré-determinado, e só então pode brincar. A escola é na parte da tarde. 

A mãe sabe que não pode atrasar nenhuma refeição, e nem fazer exercício com o estômago vazio. Antes disso é preciso comer. É necessário um equilíbrio entre a comida e a insulina. É como se a glicose estivesse numa gangorra, ora subindo, ora descendo conforme a ação da insulina, do alimento e do exercício. 

A alimentação, a emoção, as doenças, especialmente a febre, são determinantes para fazer a glicose subir. Ao contrário, a diarréia e vômito, assim com exercício, e atraso nas refeições são fatores de abaixar a glicemia. Isso como regra geral, pois até os mais experientes cuidadores da glicemia surpreendem-se quando fazem tudo exatamente igual em dois momentos e o resultado vem muito diferente. 

O maior medo é da hipoglicemia. Ela é o terror das mães de crianças pequenas com diabetes. É que a glicose normal é muito próxima da glicose baixa. Um pequeno deslize pode ser suficiente para que ocorra um desequilíbrio com uma baixa exagerada onde a criança poderá manifestar uma ameaça de desmaio e até mesmo um desmaio real, com convulsões. Para evitar isso, as mães fazem exames de glicemia de madrugada para assim quantificar a ação da insulina na hora em que o estômago está vazio, e os riscos são maiores. Os resultados baixos são tratados com alimento. 

Na escola, a professora sabe fazer o exame de ponta de dedo, e ele é feito antes do lanche, ocasião em que a insulina é calculada e dada conforme a necessidade. Após alimentar, a criança vai brincar com as outras. No começo desse controle, a mãe olhava a filha mortificada, sentindo nos próprios dedos a dor das constantes picadas. Sabe que elas são imprescindíveis para evitar grandes mudanças, e as temíveis complicações, sejam as agudas que são os desmaios, sejam as crônicas que são as lesões da retina, dos rins, dos nervos e da circulação que ocorrem quando o tratamento é inadequado. 

As consultas médicas devem ser frequentes, em vista da necessidade de mudanças nas dosagens da insulina e ainda nas trocas das marcas, pois o tratamento não para de evoluir e novas insulina, mais fisiológicas são produzidas a cada dia. A mãe sabe que há as insulinas lentas que cobrem a situação no jejum e as insulinas ultra-rápidas que cobrem a glicemia na alimentação. Daí a necessidade de calcular as doses a cada refeição. 

São tantas as variações da glicemia que a mãe diz com ar estafado: “a glicemia da minha filha oscila muito. Parece ser impossível conseguir uma redução nos picos e vales, de tanto que varia”. Mas ela já entendeu que isso não é uma particularidade apenas da sua criança, pois já pesquisou e se consultou com mais de um especialista, deduzindo que essa gangorra longe está de ser uma especificidade da sua menina. 

Enquanto a mãe fala dos seus anseios, a filha olha pela janela, e se volta com um lindo sorriso dizendo que vai passear no shopping após a consulta. Está alheia e feliz, e não parece se preocupar com a nova realidade. A mãe sofre mais do que a criança. A menina já se habituou às picadas nos dedos, que já estão feitos peneiras de tão furadinhos, assim como com as injeções aplicadas com as práticas canetas e as difíceis restrições alimentares. A mãe, a cada perfuração em busca do sangue, sente doer dentro da alma. E ainda se tortura pensando em que está errando por não conseguir controlar o diabetes tão bem quanto lhe foi solicitado. 

Passando pela porta, em busca da saída, a menininha despede-se sorrindo, com a sua graciosidade infantil: “tchau”! E acena com a mão direita cor-de-rosa, cheia de buraquinhos, naquela distância, invisíveis, como é invisível a ação protetora e angelical da sua jovem mãe. 

*Mara Narciso é médica, acadêmica do sétimo período de Jornalismo e autora do livro “Segurando a Hiperatividade”