Além da hereditariedade, não há um fator de risco mais importante para uma pessoa se tornar diabética do que a obesidade.
Ou seja, pior do que ser obeso, só mesmo ter pai ou mãe diabéticos. Quando, além de ter pais diabéticos, também somos obesos, o nosso destino está traçado: seremos diabéticos um dia.
E isto acontecerá mais cedo, quando o nosso peso corporal está acima das indicações médicas. Será que essa pessoa hipotética, obesa e com pais diabéticos, tem alguma chance de não se tornar diabética? Claro que tem. Suas chances estão intimamente ligadas às mudanças no estilo de vida: mudança do padrão alimentar, perda de peso e prática de exercícios físicos.
A medida que engordamos, passamos por alterações na ação da insulina, com perda progressiva da eficácia desse hormônio e nos tornamos progressivamente predispostos ao diabetes. Felizmente, o inverso também ocorre: uma vez diabéticos e com excesso de peso, à medida em que perdemos peso, passamos por recuperação metabólica, com melhora progressiva na eficácia da insulina, podendo inclusive levar à normalização das taxas do açúcar do sangue. Isso equivale dizer que quando um diabético obeso perde peso, ele se torna progressivamente “menos diabético”, chegando a desaparecer as alterações bioquímicas características da doença.
Um dos grandes entraves ao tratamento da obesidade do paciente diabético tipo 2 ou não insulino dependente é o fato dele ter níveis elevados de insulina no sangue. A insulina, por ser um hormônio que sempre propicia o estoque das calorias em detrimento da queima, facilita o ganho de peso e dificulta a perda de peso. Isso ocorre mesmo antes de aparecer o diabetes, em um paciente predisposto, uma vez que ele já apresenta elevados níveis de insulina no sangue, apesar da glicose ainda ser normal, revelando o grande esforço do pâncreas em evitar o diabetes.
Em todos esses casos, temos um paciente com sobrepeso ou obesidade com grande dificuldade de perder peso, apesar da dieta.Para esses casos, já dispomos de medicamentos que reduzem a resistência insulínica, fazendo com que doses bem menores do hormônio possam causar o mesmo efeito no controle dos níveis de glicose, facilitando assim a vida dos pacientes.
Esses medicamentos não levam à perda de peso por si só, eles simplesmente diminuem os entraves à perda de peso, no caso, os altos níveis de insulina.Outro fator que dificulta a perda de peso entre os diabéticos tipo 2 é a necessidade que muitos têm de usar insulina durante a evolução da doença. Isso ocorre porque na evolução do diabetes tipo 2, ele também passa a produzir menos insulina.
Esses pacientes geralmente engordam muito, quando incorporam a insulina ao tratamento e têm uma maior dificuldade para perder peso. A saída nesse caso é utilizar a menor dose possível de insulina para atingir a normoglicemia. Para isso, a dieta deve ser rigorosamente titulada, pois quanto maior a quantidade de alimentos ingerida, maior a dose de insulina requerida.A maior parte dos antigos medicamentos orais utilizados para o tratamento do diabetes e as insulinas propiciam o ganho de peso. Felizmente, temos visto a entrada no mercado de novos medicamentos para o tratamento do diabetes, com propostas de não interferirem no ganho de peso ou até mesmo propiciarem a perda de peso desses pacientes. Logo, temos presenciado uma grande evolução da farmacologia antidiabética, no sentido de facilitar a importante tarefa de emagrecer esses pacientes.
Mudanças no cardápio
O formato do cardápio para emagrecer o paciente diabético é o mesmo daquele que fazemos para outro paciente não diabético com o mesmo peso, idade e atividade física. Esse cardápio deve ser balanceado, ou seja, nada de cortar carboidratos, nada de retirar alimentos porque o grupo sangüíneo é A ou B, nada de listas enormes de suplementos vitamínicos que de nada adiantam e podem até ser deletérios.
O que importa para emagrecer é a adoção de uma dieta com valor calórico menor do que os gastos calóricos diários deste paciente.Além disso, a dieta deve respeitar as necessidades nutricionais do paciente, para que seja possível emagrecer sem que ocorra a desnutrição. Finalmente, após a perda de peso, o que importa para manter o peso de alguém, é que essa dieta respeite o perfil e o estilo de vida de cada um e não seja “tão fora do comum” que inviabilize sua continuidade.Parece simples, mas não é.
Não é para as pessoas em geral, bem como também não é para o paciente diabético. Há que se ter muita motivação, bom humor e carinho consigo mesmo. E no caso dos pacientes diabéticos, eles têm um estímulo a mais: o conhecimento de que a perda de peso pode facilitar em todos os aspectos o tratamento da doença, reduzindo a dose dos medicamentos orais ou da insulina e as possibilidades de complicações cardiovasculares, a grande causa de morte entre eles.
É importante oferecer aos pacientes diabéticos esta informação, de que emagrecendo eles se tornam menos diabéticos e para alguns deles, principalmente os de início recente e com pequenas alterações glicêmicas, a perda de peso pode inclusive fazer desaparecer qualquer evidência bioquímica da doença, fazendo retroceder o processo patológico em andamento.
SERVIÇO: * Dra. Ellen Simone Paiva - Médica Especializada em Endocrinologia e Nutrologia e diretora clínica do CITEN - Centro Integrado de Terapia Nutricional - Rua Vergueiro, 2564 - Conjuntos 63 e 64 - Vila Mariana - São Paulo - CEP: 04102-000 - Telefone: (11) 5579 1561/5904 3273 - www.citen.com.br
FONTE: www.portaldiabetes.com.br/
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