No começo do tratamento da Vittoria, eu e minha mãe achavamos o máximo ela tomar insulina só de manhã e passar o dia na faixa do 70mg/dl. Até ela começar a variar de 50mg/dl pra 350mg/dl todo santo dia. Até ela passar dias na faixa dos 200mg/dl. E o pior, os médicos da época nada fazerem pra mudar isso.
Uma das coisas com relação ao tratamento de crianças diabéticas que causa confusão é: A TAL DA CONTAGEM DE CARBOIDRATOS e a quantidade de insulina e de aplicações por dia.
Os dois primeiros médicos que consultei, nem comentaram sobre o assunto. NADA. ZERO. Me mandaram tirar todo o açúcar da dieta da Vittoria. TODO O AÇUCAR, tá. Minha sorte, foi que na mesma semana, fiz uma entrevista com uma nutricionista da ADJ, que me explicou BEEEEM melhor a questão da alimentação. E eu confiei nela. Mais que nos médicos. Porque eu acho SIM, que uma instituição, cheia de voluntários, que não lucra nada, está muito mais preocupada com a sua saúde do que alguns médicos que cobram 500,00 a consulta.
Eu só fui fazer a contagem de carboidratos depois de 1 ano e 2 meses de diabetes. Demorei porque não estava com saco de anotar tudo e fazer continhas. Porque num momento da minha vida eu fiz uma dieta que tinha que anotar tudo e odiei. Então eu não ia fazer. Ah, tem que fazer conta e regra de três e pesar comida… Deus me livre, não vou fazer isso não. Deve ser um porre. E é. Mas é esse porre que me tranquiliza. Que me dá segurança durante o dia. Eu sei o que aquilo que a Vivi comeu vai fazer no corpo dela. E essa segurança eu nunca tinha tido. E agora não fico sem. Se eu pretendo que minha filha use a bomba de insulina, por exemplo, que é o tratamento mais atual, eu preciso estar com a contagem de carboidratos na ponta dos dedos.
A contagem não significa comer o que quiser por saber o quanto de insulina vou precisar. Se fizermos isso, nosso filhos ficarão obesos e sem saúde. A contagem ajuda muito, mas a educação alimentar também. Tem que comer o que precisa. Tem que comer direito. Tem que balancear os nutrientes. Tem que fazer acompanhamento com a nutricionista. Algumas matérias sobre o assunto da SBD: Sociedade Brasileira de Diabetes
Uma das coisas que o médico me explicou inúmeras vezes (até eu aceitar) sobre as várias aplicações de insulina ao longo do dia foi o seguinte. O pâncreas de uma pessoa que não tem diabetes funciona da seguinte maneira: (fiz um gráfico, hein… não ficou lá essas coisas mas dá pra entender)
Bom… a linha verde é a insulina basal que o pâncreas produz. Ninguém, sem diabetes, tem ZERO de insulina no corpo. Sempre tem uma quantidade de insulina e de glucagon (oposto da insulina, glicose). Quando uma pessoa não diabética se alimenta, o pâncreas automaticamente libera um tanto de insulina pra aquela quantidade de comida que a pessoa ingeriu, isso é a linha vermelha. Então, no café da manhã, nós comemos e é liberado um tanto de insulina, assim como no almoço, jantar e entre as refeições, quando fazemos um lanche, o pâncreas libera um pouco de insulina também, sempre de acordo com a quantidade de comida.
O ideal no tratamento do diabetes seria reproduzir o processo normal de um pâncreas. Ao longo do dia, uma quantidade de insulina basal (verde) e mais quantidades de insulina nas refeições. É justamente por isso que a contagem de CHO é importante. É necessário que se façam varias aplicações pra simular o que acontece normalmente. É o que eu faço. Por isso muita gente estranha quando eu digo que às vezes ela toma 6 injeções. São elas: Duas de basal, de manhã e de noite eeeee… quando necessário, aplicação no café, almoço, lanche da tarde e jantar.
Essa conduta de várias aplicações diárias é também o recomendado pelaJoslin Diabetes Center que é a clínica TOP dos Estados Unidos, filiada a escola de medicina de Harvard. Esse esquema é também o que a bomba de insulina faz, ela é programada pra liberar uma quantidade de insulina basal ao longo do dia, por exemplo, 0,3U de inulina a cada hora ou duas horas, e toda vez que a pessoa come, ela insere a quantidade de CHO na bomba que libera a quantidade de insulina necessária.
Simples assim. Você pode adiar a contagem o quanto quiser. Espere o melhor momento pra você, pro seu filho, mas eu sinto que mais cedo ou mais tarde, você vai ter que se render a ela. De forma adequada, claro. Não pra poder simplesmente comer mais doces e fast food, ok?
Nenhum comentário:
Postar um comentário