sábado, 1 de outubro de 2011

Diabetes e Emoções

A nossa postura diante do diabetes é que faz toda a diferença para o controle.... Vale a pena ler sobre o quanto o diabetes é Psicossomático...

Diabetes e Emoções
Escrito por Dr. Cesar Vasconcellos de Souza

Será que fatores emocionais influenciam no surgimento do diabetes?
O pai da Medicina, Hipócrates, disse: “Mais importante do que saber que doença tem a pessoa, é saber que pessoa tem a doença.” Ou seja, a maneira como funciona a mente (razão e emoção) da pessoa tem muito que ver com a doença dela. Corpo e mente atuam juntos para a saúde ou para a doença. Não adoecemos por compartimentos. Uma enfermidade pode se apresentar num determinado órgão ou sintoma, mas o todo – corpo e mente – estão envolvidos, um tentando ajudar o outro, um sofrendo com o outro.
O Diabetes é uma doença causada por fatores múltiplos. Ela é, fisicamente, caracterizada pelo aumento da glicose (açúcar) no sangue. O Diabetes Tipo 1 atinge crianças e adolescentes e a Tipo 2 atinge principalmente uma população entre 30 e 69 anos, embora já surjam casos também em crianças devido à obesidade e sedentarismo infantil.
Sintomas principais de Diabetes são: muita sede, muita fome e muita urina. Outros são: sonolência, dores generalizadas, formigamentos e dormências, cansaço doloroso nas pernas, câimbras, nervosismo, indisposição para o trabalho, desânimo, turvação da visão, etc. Os sintomas principais ocorrem porque com o aumento do açúcar no sangue (hiperglicemia), o corpo produz a sede para a pessoa beber água, e eliminar este excesso de glicose pela urina. E há muita fome porque a glicose não entrando na célula para produzir energia, deixa a pessoa fraca. Daí o corpo “pede” comida. O açúcar não entra na célula porque há um problema nos receptores (“portas” de entrada da célula) dela. Uma dieta gordurosa e vida sedentária favorecem o mal funcionamento destes receptores. Daí que se o diabético, especialmente Tipo 2, começa a praticar uma dieta vegetariana e exercícios físicos, melhora bastante e pode a vir a ter níveis normais de glicose no sangue e recuperar a saúde.
Pode-se prevenir o Diabetes Tipo 2 evitando o excesso de peso (reeducação alimentar) e combatendo o sedentarismo (falta de atividade física). No Diabetes Tipo 1 pode-se prevenir as complicações com dieta, exercícios físicos e equilíbrio emocional.
Muitos diabéticos sabotam o tratamento por motivos variados e determinados por aspectos profundos do emocional do indivíduo, alguns dos quais inconscientes. A rejeição da doença piora o quadro clínico. Cada diabético enfrenta a doença de maneira diferente de acordo com a sua estrutura psíquica ou organização mental pessoal.
Vários autores consideram o Diabetes uma doença psicossomática, ou seja, que possui fatores emocionais em sua causa. A doença psicossomática surge em decorrência do modo como a pessoa vivencia as emoções. Quando não expressamos nossas emoções devidamente, elas podem ser descarregadas em alguns órgãos, como no estômago, intestinos, coração, vasos sanguíneos, pele, etc. Uma agressividade contida pode estourar na própria pessoa. “A incapacidade de comunicar com palavras os seus pensamentos faz com que essa pessoa ‘fale’ com a ‘linguagem dos órgãos’, ou seja, o adoecer de determinado órgão é a forma inconsciente do indivíduo proclamar seu sofrimento, por não conseguir fazê-lo de outra forma...” (Silva, M.A.D. da, “Quem ama não adoece”, 1994, citado em “Reflexões sobre o Diabetes Tipo 1 e sua relação com o emocional”, D.B.Marcelino, M.D.B. Carvalho, Universidade Estadual de Maringá; Psicologia: Reflexão e Crítica, 2005, 18(1), pp.72-77).
Isto não quer dizer que todas as doenças são causadas só por aspectos emocionais, mas provavelmente também por eles. Daí relembre o que disse Hipócrates, que entender a pessoa doente é mais importante do que entender a doença isolada dos aspectos gerais da pessoa, tais como a maneira como ela vive as emoções em suas relações consigo mesma, com os outros, com a vida, com Deus.
No tratamento do diabetes é necessário, além de medicamentos, a dieta, exercícios físicos e busca de equilíbrio emocional. Na verdade, este último é importante para a recuperação de qualquer aspecto ligado à saúde. Importante entender que a doença física é apenas uma das manifestações do organismo em sofrimento e que ela atinge o emocional, queira a pessoa tenha ou não consciência disto.
O emocional é constituído por aspectos profundos e tem muito de inconsciente. Por exemplo, se a pessoa diabética tem muita raiva pela doença adquirida mas não tem consciência desta raiva e a nega, diz-se que ela possui uma raiva reprimida no seu inconsciente. O inconsciente é um espaço em nossa mente onde ficam sentimentos, pensamentos, imagens, sem que tenhamos acesso a ele quando queremos. Na medida em que esta pessoa tomar consciência dessa emoção, conseguir experimentá-la conscientemente e expressá-la adequadamente, ela eliminará fatores emocionais da doença que poderiam agravar o quadro.
Como qualquer doença, o diabetes será enfrentado de modo diferente por cada indivíduo, dependendo dos recursos emocionais que ele possua. Algumas pessoas são muito inconstantes emocionalmente, enquanto que outras conseguem ter melhor administração de seus sentimentos. A maneira como lidamos com nossos sentimentos favorece ou atrapalha o lidar com a doença física e pode ajudar a melhorar ou a piorar.
Dr. Samuel Silverman, da Universidade Harvard, diz que certas pessoas têm mais facilidade para desenvolver um câncer em algum ponto vulnerável do corpo se elas apresentam importantes dificuldades para expressar suas emoções. O mesmo pode ocorrer no caso do diabetes. Uma maneira de descarregar a emoção é pelo chorar convulsivo, e outra é falando. “A incapacidade de comunicar com palavras os seus pensamentos faz com que essa pessoa ‘fale’ com a ‘linguagem dos órgãos’, ou seja, o adoecer de determinado órgão é a forma inconsciente do indivíduo proclamar seu sofrimento, por não poder conseguir fazê-lo de outra forma.” (Silva, 1994).
O diabetes se desencadeia principalmente por fatores hereditários, mas o fator hereditário não é suficiente para que haja a doença, são necessárias “…modificações exteriores violentas com valor de trauma…” (Debray ,“O equilíbrio psicossomático: um estudo sobre diabéticos”, Casa do Psicólogo, 1994).
Ajuriaguerra, (“Manual de Psiquiatria Infantil”, 1976) explica que: “Na anamnese (colher os dados do paciente) de adolescentes diabéticos, E. P. Stein e V. Charles [1971] verificaram perdas parentais [morte, separação, divórcio] ou distúrbios familiares graves em uma proporção significativamente elevada, o que, segundo eles, justifica a hipótese de que um indivíduo fisiologicamente sensível, em um clima de estresse afetivo, é mais suceptível a desenvolver manifestações clínicas do diabetes…”
O diabetes é uma doença multifatorial e o fator emocional é muito importante para a melhora ou piora. Se isto for compreendido pelo diabético e se ele tomar consciência e aprender a lidar com as emoções em conflito em seu interior, muito ajudará na administração da doença.

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