quarta-feira, 1 de setembro de 2010

Rinite Alérgica. Ela pode estar ao seu lado.

Rinite significa uma inflamação da mucosa (pele) que recobre as fossas nasais. Ela pode ter diversas causas, como infecções (gripes e resfriados), alergia, uso de medicamentos, gravidez etc.

No Brasil a prevalência de rinite alérgica é de aproximadamente 25 a 30%. Alergia é uma característica herdada pela pessoa. Ou seja, a pessoa nasce predisposta a desenvolvê-la. Esta reação caracteriza-se pela produção de um anticorpo denominado IgE.

Por razões ainda desconhecidas, a certa altura da vida (em geral na infância) o paciente passa a produzir este anticorpo contra algumas substâncias (alérgenos) como componentes da poeira doméstica (ácaros, fungos, restos de insetos, proteínas de animais (cão e gato)), polens etc. A isto chamamos sensibilização. Esta reação pode ser na pele, no nariz ou no pulmão. Caso ocorra no nariz teremos a rinite alérgica.

Observa-se nos pacientes alérgicos em fenômeno chamado marcha atópica. Esta se caracteriza pela migração do órgão onde os sintomas alérgicos aparecem. Em geral, os primeiros sintomas são na pele (dermatite atópica), que com o tempo tendem a diminuir, aparecendo então nas vias respiratórias (asma e rinite). Não necessariamente ista "marcha" ocorre em todos os pacientes.

No Brasil a rinite alérgica que predomina é a do tipo persistente, cujos sintomas (nariz entupido, espirros, coriza e coceira nasal) ocorrem por mais de 4 dias por semana e por mais de 4 semanas por ano. Os principais alérgenos envolvidos são os ácaros da poeira doméstica, fungos, antígenos de animais (saliva e secreção de glândulas) e baratas. Além disto, como os sintomas são agravados na presença de substâncias irritantes (fumaça de cigarro, odorizantes ambientais, cheiros fortes de perfumes, tintas, e etc.), estas também devem ser evitadas.

O tratamento clínico da rinite alérgica baseia-se em três pilares que vão sendo adicionados aos anteriores, a saber:
  • prevenção da sensibilização e higiene ambiental;
  • uso de medicamentos (sintomáticos e preventivos);
  • imunoterapia com alérgenos (vacinas anti-alérgicas).
A primeira forma de atuação contra as doenças alérgicas seria a redução do risco de sensibilização, ou seja, prevenir que a pessoa inicie a produção de IgE contra algum alérgeno. Uma vez sensibilizado, o objetivo passa a ser reduzir seu contato com as substâncias, para com isto diminuir os sintomas. Isto se deve ao fato de que a sensibilização, raramente reduz-se de forma espontânea. Alguns pacientes não param de ter sintomas quando realizam a higiene ambiental, contudo, nestes casos, a necessidade de medicação para eu controle será menor. Portanto, o conselho para aqueles que, apesar dos cuidados ambientais, ainda continuam a ter sintomas é de que devem continuar a tomá-los, e procurar um médico de sua confiança para que este possa indicar o melhor tratamento medicamentoso.







Medidas a serem adotadas para reduzir a chance de sensibilização: 

  • evitar o tabagismo durante a gravidez e infância;
  • recomenda-se aleitamento materno exclusivo até 6 meses de idade. Não há necessidade de alimentação especial para a mãe durante este período;
  • evitar ambientes úmidos e com poluentes internos;
  • eliminar substâncias irritantes do meio ambiente.
Medidas a serem adotadas para prevenir ou minimizar as crises:







1. Redução de poeira doméstica e ácaros:



Medidas prioritárias:

  • lavar a roupa de cama semanalmente, se possível com água entre 55 e 60oC;.
  • encapar travesseiros e colchões com capas que impeçam a passagem da poeira e ácaros;
  • reduzir a umidade relativa do ar para, se possível, 50%.
Medidas adicionais:
  • usar aspiradores de pó, se possível, com filtro HEPA (High Efficiency Particulate Air Filter) ou equivalente. Colchões devem ser aspirados;
  • usar pano úmido para limpar as superfícies;
  • lavar cortinas com água entre 55 e 60oC;
  • remover carpetes e utilizar pisos que possam ser limpos com pano úmido;
  • evitar estofado de tecido, optando-se por aqueles de couro ou vinil;
  • remover brinquedos de pelúcia do quarto, quando possível, lavá-los com água entre 55 e 60oC. Alternativamente colocá-los no freezer, semanalmente;
  • substâncias acaricidas são efetivas desde que utilizadas regularmente;
  • ácaros não têm proteção contra a luz solar, portanto, coloque colchões, tapetes e travesseiros ao sol (por pelo menos 3 horas).


2. Medidas para reduzir o contato com antígenos de animais domésticos:

  • Não permitir a entrada de animais domésticos nos quartos.
  • Mantê-los fora de casa.
  • Se possível encontrar um novo lar para eles.


3. Medidas para evitar contato com baratas:

  • utilizar inseticidas apropriados;
  • remover fontes de comida;
  • fechar rachaduras e frestas no chão e teto;
  • reduzir a umidade ambiental.


4. Medidas para evitar contato com bolor:

  • utilizar desumidifcadores;
  • fazer a manutenção freqüente de equipamentos de ar condicionado;
  • remover carpetes e papéis de parede;
  • consertar vazamentos de água logo que apareçam.

Uso de medicamentos






Existem dois grandes grupos de medicamentos. O primeiro são os chamados sintomáticos, que como o próprio nome indica, controlam os sintomas, contudo ao serem interrompidos estes retornam.

Os medicamentos preventivos são utilizados por tempo prolongado com o objetivo de evitar o aparecimento dos sintomas e complicações associadas à rinite alérgica.


Imunoterapia com alérgenos



O objetivo da Imunoterapia com alérgenos (vacinas antialérgica) é reduzir a sensibilização do paciente, com isto reduzindo ou cessando a necessidade da utilização dos medicamentos.



Associação da rinite alérgica com outras doenças 

 Alterações no crescimento adequado da face podem surgir em qualquer condição onde exista obstrução da respiração pelo nariz. A rinite alérgica é uma das doenças que estão associadas ao desenvolvimento de alterações dentárias de oclusão, flacidez da musculatura da face, permanência de respiração bucal etc.


Alguns casos de inflamações e infecções de ouvido (otites) e seios da face (rinossinusite) podem estar relacionadas ao processo alérgico.

Como já comentado anteriormente, observa-se uma associação entre as doenças alérgicas. Um dos conceitos mais atuais sobre rinite e asma alérgicas é o de alergia de vias aéreas como um todo. Isto ocorre, pois a grande maioria dos pacientes com asma (em alguns estudos chegam a 100%) apresenta rinite sendo o inverso também verdadeiro. Os fatores que desencadeiam os sintomas são iguais para as duas doenças e os medicamentos utilizados são os mesmos (variando dose e forma de administração). Existem, ainda, evidências de que o correto tratamento da rinite alérgica pode reduzir a morbidade da asma. Portanto, o conceito atual é o de alergia de vias aéreas, onde os sintomas podem ser intensos tanto no nariz (rinite) quanto no pulmão (asma) ou em ambos simultaneamente. 

Prof. Dr. João Ferreira de Mello Júnior 

Professor Livre-Docente pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo



IMPORTANTE

 * Procure o seu médico para diagnosticar doenças, indicar tratamentos e receitar remédios.


* As informações disponíveis no site da Dra. Shirley de Campos possuem apenas caráter educativo.


Fonte: Forl.org.br

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