Atividade física com orientação é recomendação de praxe para todo mundo em busca de melhor qualidade de vida e boa saúde. É indispensável não só para os que lutam com a balança. É de grande auxílio e, pode-se dizer, essencial no tratamento do diabetes. E vejam só, diabéticos não insulinodependentes costumam ter melhor resposta à prática de exercícios físicos do que os que dependem de insulina, porque não apresentam as mesmas flutuações de glicemia. A opinião é da educadora física Luísa Meirelles, que há 16 anos coordena programas de condicionamento físico para portadores de diabetes e doenças cardiovasculares no Hospital Universitário Pedro Ernesto, ligado à Universidade Estadual do Rio de Janeiro (Uerj).
Em função dessas características, a adaptação do diabético tipo 1 ao ritmo de atividades tem de ser gradativa. No início das atividades, ele precisa medir a glicemia antes, durante e depois dos exercícios e fazer os ajustes nas doses de insulina, sob orientação médica.
Para o diabético tipo 2, o exercício auxilia no controle da glicemia e de outros fatores de risco que ele pode apresentar, como a hipertensão arterial, colesterol elevado, obesidade e sedentarismo. “Em alguns casos, ele consegue reduzir o uso de medicamentos para controle da glicemia porque tem sua sensibilidade à insulina aumentada em função dos exercícios”, informa Luísa.
Segundo Luísa, as atividades mais indicadas tanto para os diabéticos tipo 1 como para os tipo 2 são as aeróbias, como caminhadas, natação, bicicleta etc. É importante acrescentar exercícios de força com o objetivo de manutenção da massa muscular e massa óssea que diminuem com o sedentarismo, porém eles só devem ser realizados quando a resposta da pressão arterial ao exercício for adequada.
Antes de começar qualquer programa de condicionamento físico, a educadora recomenda uma avaliação médica detalhada e teste de esforço para o cálculo da intensidade do treinamento em relação a frequência cardíaca e pressão arterial. Os testes de glicemia são outro referencial: se o resultado fica acima de 300 mg/dl, a recomendação é de não realizar exercícios; se ficar abaixo de 100 mg/dl em insulinodependentes, ela recomenda maior absorção de carboidratos para que a taxa seja normalizada. Outros cuidados são evitar o exercício durante o período de ação máxima da insulina e aplicar a insulina num grupo muscular que não for exercitado.
Luísa também verifica a existência de complicações diabéticas para inserir o paciente num programa adequado. Pacientes com avançada retinopatia, por exemplo, não devem realizar atividades que causem excessivo aumento na pressão arterial. Já os indivíduos portadores de neuropatia periférica podem apresentar dor, comprometimento do equilíbrio e fraqueza, podendo bloquear sinais oriundos dos pés e levar à ocorrência de lesões graves antes que elas sejam percebidas.
Os benefícios das atividades físicas podem ser observados já nos primeiros três meses, com melhora da glicemia, perda de peso e redução da hipertensão. A educadora adverte que esses resultados só chegam se a pessoa fizer as atividades regularmente, no mínimo três vezes por semana, com sessões de 30 a 60 minutos cada, para que haja efeito no sistema cardiovascular, ou de cinco vezes por semana se o objetivo for perder peso. Ela lembra também que a prática de atividades físicas requer uma dieta alimentar conveniente, com correta ingestão de carboidratos.
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