sexta-feira, 19 de fevereiro de 2010

Você que é diabético, ainda acha que não pode consumir pães, doces e massas?

A primeira e maior diferença no plano alimentar de um paciente com diabetes em uso de insulina é que toda variação na quantidade de carboidratos das refeições e dos lanches deve ser acompanhada também por uma variação equivalente na dose da insulina administrada. “É importante que o paciente diabético saiba que o maior determinante da sua taxa de açúcar no sangue é a quantidade e a qualidade do carboidrato consumido e que ele não pode abolir este nutriente de sua dieta, deve aprender a consumi-lo corretamente”, afirma a endocrinologista Ellen Simone Paiva (CRM-SP 51.988), diretora do Centro Integrado de Terapia Nutricional, Citen.

Os carboidratos são nutrientes essenciais à saúde de todas as pessoas, normais e diabéticas. São as principais fontes de energia, principalmente para o cérebro, que não consegue utilizar nenhum outro substrato, além da glicose. Os neurônios são as primeiras células a manifestarem sofrimento nas situações de queda dos níveis sangüíneos da glicose, as hipoglicemias. “Logo, os diabéticos devem comer alimentos que contenham carboidratos em todas as suas refeições. Além de serem fontes de energia, os alimentos que contêm carboidratos são fontes importantes de fibras, vitaminas e minerais”, explica a médica.

Onde estão os carboidratos?

Os carboidratos são encontrados nos alimentos em duas formas. As formas mais simples e prontamente absorvíveis são a sacarose (açúcar cristal, mascavo, refinado ou orgânico), a lactose e a frutose. Estas não requerem nenhum processo digestivo e logo que são ingeridas, causam a elevação imediata nos valores da glicemia.

Outras formas de carboidratos, denominados complexos, são substâncias que demandam processo digestivo demorado, com lenta elevação dos valores da glicemia. O principal representante desse grupo é o amido, encontrado no arroz, milho, batata, mandioca, massas e pães. “Os carboidratos são, em última análise, moléculas de glicose, que após o processo digestivo alcançam o sangue. A diferença entre eles é o tempo entre a ingestão e a chegada ao sangue sob a forma de glicose”, explica a nutricionista Amanda Epifanio, (CRN-3: 17153), que também integra o corpo clínico do Citen.

Qual a função da insulina?

A glicose absorvida dos carboidratos só é capaz de entrar nas células e desempenhar sua função nutricional através da ação da insulina, que age como uma chave que abre as portas das células à entrada de glicose. Não podemos viver sem insulina, pois seria o equivalente a viver sem utilizar os alimentos ingeridos. “Sem ela, ‘as portas das células não se abrem’, os nutrientes, principalmente, a glicose se acumula no sangue e se perde na urina. Há uma desnutrição progressiva que impede a vida”, explica Ellen Paiva.

Quando produzimos insulina normalmente, amplas variações na ingestão de glicose são compensadas naturalmente. Podemos optar por fazer grandes refeições, pois somos capazes de aumentar automaticamente a produção de insulina, como podemos também fazer um jejum prolongado, pois, nestas ocasiões, praticamente interrompemos a produção de insulina. “Porém, estes processos não acontecem naturalmente nos pacientes diabéticos insulino-dependentes. Por não produzirem insulina adequadamente, eles devem ajustar a dose da insulina utilizada à quantidade de carboidratos consumida, ou adequar a quantidade de carboidratos consumida à insulina utilizada”, explica a endocrinologista.

Quanto carboidrato pode ser consumido?

As maiores associações de diabéticos do mundo, entre elas a Associação Americana de Diabetes e a Associação Européia de Diabetes, são unânimes em recomendar uma porcentagem de carboidratos semelhantes à orientação dada às pessoas não diabéticas, ou seja, uma média de 50% das necessidades energéticas totais. “Isso significa que um diabético adolescente com 65 kg deve ingerir 2500 calorias e dessas, 1250 calorias em carboidratos ou 300 gramas diárias desses nutrientes, distribuídas em 3 refeições e 2 a 3 lanches”, afirma Amanda Epifanio.

Considerando que qualquer orientação nutricional deve atender ao princípio da variedade, os carboidratos devem ser consumidos em suas várias formas: frutas, verduras, legumes, grão e cereais integrais, pães, massas e até os doces, desde que adequadamente cobertos por titulação das doses de insulina. “O plano alimentar deve ser individualizado e flexível e as variações de cardápio podem ser realizadas através de trocas por alimentos em grupos equivalentes ou pela contagem de carboidratos em cada refeição, o que orienta as doses de insulina”, defende a nutricionista.

Algumas situações específicas requerem uma mudança na relação carboidrato-insulina como é o caso da prática de exercícios físicos pelos diabéticos. De uma maneira geral, esses pacientes devem ser orientados a ingerir uma quantidade extra de 15 gramas de carboidratos, em média, antes da prática de exercícios físicos. “Nos casos onde o paciente tem sobrepeso ou obesidade, a melhor forma de adequar a relação carboidrato-insulina à prática de exercícios físicos é a redução da dose de insulina, ao invés de aumento na quantidade de carboidrato”, afirma Ellen Paiva.

A compreensão de todos esses mecanismos é fundamental para garantir a segurança e o bem estar dos pacientes diabéticos. Eles devem aprender a lidar com todas as questões relativas à sua alimentação, procurando diminuir as restrições e o impacto negativo que o diagnóstico do diabetes pode causar em suas vidas.

Fonte: http://www.portaldiabetes.com.br/conteudocompleto.asp?idconteudo=5171

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