quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

Atualização 2011: Novos padrões da American Diabetes Association para cuidados de pessoas com Diabetes


Em janeiro de cada ano, a American Diabetes Association publica uma revisão dos padrões e recomendações para os cuidados médicos de pessoas com diabetes. Este nosso artigo resume os principais tópicos abordados na publicação Standards of Medical Care in Diabetes – 2011.




Critérios atuais para o diagnóstico do diabetes

Não houve modificações quanto aos critérios recomendados para o diagnóstico do diabetes em relação a 2010. Assim, os seguintes critérios foram revalidados para fins diagnósticos: A1C ≥ 6,5%; glicemia de jejum ≥ 126 mg/dL; glicemia pós-prandial de 2 horas ≥ 200 mg/dL durante teste oral de tolerância à glicose, com a utilização de uma carga de 75 g de glicose em água; glicemia ao acaso ≥ 200 mg/dL, na presença de sintomas clássicos de hiperglicemia.

Rastreio para diabetes em indivíduos assintomáticos

O teste de rastreio para a detecção de diabetes tipo 2 (DM2) e para a avaliação do risco futuro para diabetes em pessoas assintomáticas deve ser considerado em adultos de qualquer idade que apresentem sobrepeso ou obesidade (IMC ≥ 25 kg/m2 e que apresentem um ou mais dos fatores de risco para diabetes. Em pessoas que não apresentem fatores de risco, os testes de rastreio devem ser iniciados aos 45 anos de idade.

Detecção e diagnóstico de Diabetes Mellitus Gestacional (DMG)

Teste de rastreio para DM2 não diagnosticado deve ser realizado na primeira consulta de pré-natal nas gestantes com fatores de risco, utilizando critérios padrão para diagnóstico. Em gestantes cuja presença do diabetes é desconhecida, os testes de rastreio devem ser iniciados entre as semanas 24 e 28 de gestação, utilizando-se o teste oral de tolerância à glicose com 75 g. o diagnóstico de DMG é confirmado quando qualquer dos valores seguintes de glicemia for atingido: glicemia de jejum ≥ 92 mg/dL; glicemia pós-prandial de 1 hora ≥ 180 mg/dL; ou glicemia pós-prandial de 2 horas ≥ 153 mg/dL.

Deve-se reavaliar a possível persistência do diabetes entre as semanas 6 e 12 do período pós parto. Mulheres com história de DMG devem ser reavaliadas para a presença de diabetes a cada 3 anos.

Prevenção do diabetes tipo 2

Pacientes com tolerância diminuída à glicose, glicemia de jejum alterada e A1C entre 5,7% e 6,4% devem ser encaminhados para um programa de perda de 7% do peso corpóreo, associado a um aumento da atividade física para, pelo menos, 150 minutos/semana de atividade física moderada, como a caminhada, por exemplo.

A terapia preventiva com metformina pode ser considerada em pacientes com maior risco de desenvolver diabetes, tais como aqueles com múltiplos fatores de risco e progressão da hiperglicemia (A1C ≥ 6,0%) apesar das intervenções no estilo de vida.

Monitorização glicêmica

A automonitorização glicêmica deve ser realizada 3 ou mais vezes por dia em pacientes que utilizam múltiplas injeções diárias de insulina ou que utilizem bomba de insulina. Em pacientes com uso menos frequente de insulina ou que estejam apenas com terapia nutricional, a automonitorização pode ser um guia bastante útil para o sucesso da terapia.

É fundamental a educação do paciente quanto à prática adequada da automonitorização. A monitorização contínua da glicose (MCG) juntamente com esquemas intensivos de insulinoterapia podem ser úteis para a redução da A1C em pacientes com diabetes tipo 1 (DM1) após os 25 anos. Embora a evidência de redução de A1C seja menos expressiva para crianças, adolescentes e adultos jovens, a MCG pode ser útil para esses grupos.

Testes de hemoglobina glicada (A1C)

Os testes de A1C devem ser realizados pelo menos 2 vezes ao ano em pacientes com controle estável e na frequência de 4 vezes ao ano em pacientes com alterações na terapêutica ou que não estejam atingindo as metas glicêmicas recomendadas.

A utilização de testes rápidos para a avaliação da A1C no local de atendimento com a utilização de sangue capilar (por exemplo, o teste “A1C Now”) permite resultados em apenas 5 minutos e promove decisões mais precisas e mais pontuais sobre as alterações terapêuticas necessárias.

Metas glicêmicas em adultos

A redução da A1C para níveis abaixo ou ao redor de 7,0% demonstrou reduzir as complicações microvasculares e neuropáticas do diabetes e, se implementada logo após o diagnóstico de diabetes, pode também promover a redução, em longo prazo, da doença macrovascular.

Portanto, a meta de A1C para a maioria das pessoas adultas e não grávidas é de <7,0%. Metas menos rígidas de A1C podem ser apropriadas para pacientes com uma história de hipoglicemia severa, expectativa de vida limitada, complicações micro e macrovasculares avançadas, condições extensivas de comorbidades, entre outras.

Conduta na hipoglicemia

Glicose na dose de 15 a 20 gramas é o tratamento preferencial para indivíduos conscientes com hipoglicemia, embora qualquer forma de carboidrato que contenha glicose possa ser utilizado. Se após 15 minutos a glicemia não estiver normalizada, o tratamento deve ser repetido.

Tão logo a glicemia retorne ao normal é recomendado o consumo de uma refeição ou lanche para prevenir recorrência da hipoglicemia. O glucagon deve ser prescrito para todos os indivíduos significante de hipoglicemia severa. Não só os profissionais de saúde como também os familiares devem ser instruídos quanto à correta administração de glucagon.

Indivíduos com hipoglicemia não percebida ou um ou mais episódios de hipoglicemia severa devem ser orientados a aumentar suas metas glicêmicas para evitar a repetição dos episódios de hiperglicemia.

Indicações para a cirurgia bariátrica

A cirurgia bariátrica deve ser considerada para adultos com IMC > 35 kg/m2 e diabetes tipo 2, especialmente se o diabetes e as comorbidades associadas forem de difícil controle através da terapia farmacológica e de estilo de vida. Pacientes com DM2 submetidos à cirurgia bariátrica necessitam suporte de estilo de vida e supervisão médica durante toda a vida.

Embora alguns estudos tenham demonstrados benefícios glicêmicos da cirurgia bariátrica em pacientes com DM2 e IMC entre 30 a 35 kg/m2, não há no momento evidência suficiente para uma recomendação genérica deste tipo de cirurgia em pacientes com IMC < 35 mg/m2, exceto em condições experimentais de estudo clínico.

Nenhum comentário:

Postar um comentário