Entrevista com a endocrinologista Lenita Zajdenverg, da UFRJ
Ainda bem que nós vivemos numa economia de livre mercado. Isso quer dizer, podemos escolher entre vários tipos de produtos e fabricantes quando queremos comprar alguma coisa. A diversidade vale também para adoçantes. São muitas as marcas, as composições e as apresentações. A dúvida, quando se está na frente de uma prateleira com esse tipo de produto, é a mesma que temos quando vamos comprar qualquer outra coisa, seja carro, roupa ou livros.
Fora a questão da qualidade e preço, no caso de quem tem diabetes a escolha tem de levar em conta também o que vai ser melhor para sua glicemia. Segundo a endocrinologista e nutróloga Lenita Zajdenverg, existem adoçantes calóricos e não calóricos, e os calóricos são aqueles que interferem no comportamento da glicemia.
Entre os não calóricos, estão disponíveis a sacarina, o ciclamato, a sucralose, a stévia e o acessulfame de potássio. Qualquer um deles é adequado para o diabético, mas Lenita adverte que a sacarina contém sódio e, por isso, deve ser usado com moderação por hipertensos e por quem tem doença renal.
Os adoçantes calóricos e que interferem na glicemia são a frutose, a sacarose ou açúcar, o mel e o melado. Todos podem até ser consumidos por quem tem diabetes, mas nesse caso é preciso ter acompanhamento nutricional porque eles devem ser contabilizados na ingestão total de carboidratos diária e também têm de ser considerados quando se vai definir a dose de insulina a ser utilizada.
Lenita ensina que há restrições no uso de adoçantes no caso de mulheres gestantes. O adoçante chega ao bebê pela placenta e até o momento há estudos em relação à sucralose, aspartame, sacarina e ciclamato, e eles não oferecem risco à criança. O stévia, por outro lado, nunca foi testado em gestantes e, por isso, deve ser evitado nesse período.
Outra restrição é relativa ao aspartame para as pessoas que têm fenilcetonúria, doença genética que transforma o aminoácido fenilanalina -encontrado nas proteínas vegetais e animais - em toxina para o cérebro. Como o aspartame contém fenilanalina, não pode ser consumido por pessoas que têm fenilcetonúria, doença diagnosticada no recém-nascido pelo famoso teste do pezinho.
Segundo Lenita, não há restrição em relação à quantidade de adoçante utilizada, mesmo considerando que o adoçante pode estar presente em produtos dietéticos industrializados, normalmente consumidos por quem tem diabetes. As quantidades consideradas nocivas são tão grandes que é improvável alguém chegar a ingeri-las, a não ser que se optasse por "beber" um frasco inteiro de adoçante de uma vez só.
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