domingo, 19 de junho de 2011

A Depressão em diabéticos é de 2 a 4 vezes mais freqüente que na população geral

Depressão e Diabetes

Segundo o Dr. Marcio Versiani (citado por Sandra Malafaia), existem várias explicações para essa freqüente associação entre as duas patologias. Para ele, 20% da população em geral apresentam Depressão e os pacientes diabéticos têm ainda maior chance, pois o Diabete mexe com o equilíbrio hormonal podendo causar um estado depressivo. Em situações de estresse, também há um aumento na secreção de alguns hormônios, principalmente o cortisol, que age contra a insulina e ajuda a manifestar o diabetes (vejaSuprarrenal e Estresse na seção Psicossomática).

A prevalência de Depressão em portadores de Diabete é cerca de 2 a 4 vezes maior que na população geral, podendo afetar até 30% dos diabéticos e uma metanálise confirmou o risco duplicado de Depressão em diabéticos, além de demonstrar que mulheres diabéticas têm um risco maior de depressão (28%) que homens diabéticos (18%) (Anderson e cols. 2003). Outros fatores de risco descritos são o estado civil solteiro, o menor nível educacional e dificuldades financeiras.

Pâncreas 2      


De fato, a Depressão no paciente diabético parece ser uma condição prevalente e universal. A etiologia e fisiopatologia dessa comorbidade permanecem ainda desconhecidas, mas provavelmente, trata-se de uma condição bastante complexa. Existem fatores biológicos, genéticos e psicológicos envolvidos nessa questão. Foram identificadas diversas anormalidades neuroendócrinas e de neurotransmissores comuns à Depressão e a Diabete, transformando a Depressão em um potencial agente interativo com a diabetes em múltiplos níveis (Lustman et al, 2000).

Em termos práticos, é importante saber que as pessoas que tem diabetes e também são deprimidas sofrem muito mais do que as que têm apenas Diabete. Com a Depressão a qualidade de vida piora muito, os custos médicos bem mais elevados e há maiores possibilidade de complicações do diabetes, notadamente das doenças cardíacas.

Embora os dados na literatura sejam controversos, estudos recentes mostram que a Depressão agrava o curso da Diabete em vários aspectos. No paciente deprimido há, por exemplo, um pior controle da dieta, do uso da medicação, dos cuidados gerais cotidianos, levando a uma piora da qualidade de vida e da evolução da doença. Por outro lado, inversamente, o controle irregular da Diabete pode agravar a Depressão e prejudicar a resposta aos tratamentos antidepressivos (Lustman e Clouse 2005). Estudos sobre disfunção cognitiva em diabéticos controlados e não-controlados sugerem que os pacientes com bom controle glicêmico têm um risco menor para desenvolver déficits cognitivos ao longo do envelhecimento.

Conforme estudou Clouse (2003), constata-se que os efeitos protetores contra a doença coronariana naturais do sexo feminino, são diminuídos ou praticamente anulados na presença do Diabete. A incidência em dobro da Depressão nas pacientes diabéticas explicariam a altíssima prevalência de coronariopatias em mulheres com Diabete.

Há, sem dúvida, uma interação psicológica e comportamental entre o Diabete e a Depressão, e ambos passam a ser de controle mais difícil, aumentando os riscos das duas doenças. As complicações da Diabete dizem respeito aos problemas cardiovasculares, retinopatia diabética levando a cegueira, neuropatia, e a outras. Um dos inconvenientes de não se tratar a Depressão do diabético é o sintoma do desencantamento para com a vida, proporcionando assim uma baixa aderência ao tratamento do Diabete, controle inadequado dos níveis de açúcar no sangue, bebidas em excesso e aumento do risco de complicações da doença.

O início mais precoce da Diabete e o mau controle da glicemia aumentam o risco deDepressão e doença cerebrovascular levando a um impacto nas funções cognitivas com maior risco de declínio cognitivo ao envelhecer (Awad e cols. 2004).




Ballone GJ - Diabetes e Depressão, in. PsiqWeb, Internet, disponível emhttp://www.virtualpsy.org/psicossomatica/diabetes.html, revisto em 2005.

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